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A mostrar mensagens de junho, 2006

moratória...

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os dias passam por mim sem deixarem marcas de terem existido... dou por mim a acreditar que o tempo parou em mim. não oiço o ponteiro dos segundos movimentar-se dentro de mim, mesmo quando retenho a respiração. dizem os adultos, assim como os livros, que esta fase já deveria ter passado. deveria saber quem sou. e no entanto vêm dar comigo á procura de mim! loucura, não? muitos apontariam para essa possibidade. mas o facto é que só a loucura e a imperfeição são dados adquiridos para mim, daquilo que sou. num dia sou azul e no dia seguinte sou verde... é isso errado? não posso gostar de ambas? sinto-me como se estivesse num período de moratória, a "experimentar todos os tipos de roupa para ver qual é o que me fica melhor"! bem, dêem-me licença, mas tenho que agarrar no meu par de asas e ir visitar o vento, os céus mais azuis e competir com as gaivotas. ou então talvez leve as barbatanas e viaje até ao fundo do mar, onde o silêncio reina e a beleza flutua, a par da transparência

Natureza: sorriso, bálsamo, canção de embalar!

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Eram tantas, as saudades... hoje fui passear até à praia. A vista por si só encheu-me as medidas e o coração, retirou dele todas as preocupações. Esvaziei-me dos tudos e dos nadas que me agitavam, deixando-me ao sabor do mar. Estava um calor que convidava para um mergulho, e os surfistas enfeitavam as ondas. É que o ar parece respirar-se com mais facilidade, e o café parece deslizar mais docemente pela garganta, enquanto se contemplam as rochas a emergirem do fundo, do nada. pralém daquilo que se pode ver. "A Natureza faz coisas perfeitas...", disseste com um sorriso. "Pois faz, amor! A Natureza deve ser a única coisa perfeita que existe.", respondi. Nada há como um sol que nos acolhe nos braços e nos faz sentir confortáveis como num abraço. Nada se pode comparar ao fenómeno que é o horizonte, o mar no seu carácter eternamente fantástico. Não há descrição para a sensação de nos deitarmos na areia morna, borrifados pelo som apaixonante das ondas, adoçicados pela somb

um dia...

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encontro um caminho por desbravar. será que pertence a alguém? não importa... seja o gosto em passear que me faça continuar. à volta, árvores arejam o ar. tornam-no mais leve... as pegadas que formo no chão lembram-me de que já ali passei. mais um passo dei... mais uma história para contar. os pés descalços saboreiam o morno da terra, a saudar-me. céu azul como um sorriso aberto. luz como a de uma gargalhada. as fotografias tiradas pelo meu olhar são tão bonitas que penduram lágrimas no canto dos meus olhos! forno para a alegria, o sol anima e aquece almas congeladas. o gelo derrete lentamente, dando lugar à música, à paz. sou par com a Natureza... sou círculo perfeito e sou um dia, um só dia, em que a felicidade entra por mim adentro, me invade como numa guerra e me ganha, me conquista, me faz acreditar, me faz correr... me faz viver.

cantar para afastar o barulho...

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Em silêncio agora, como um comboio em movimento. A música alta como anestesia para a alma, não deixando espaço para o pensamento. Escuridão quase completa, deixando apenas espaço para a respiração. Uma voz bonita funciona como uma forma de elevação da mente, do estado emocional; vivem-se as palavras cantadas com elegância no timbre - como se estivéssemos a senti-las. Há conforto em cantar, acompanhando desajeitadamente o ritmo da da canção. Quem me dera saber cantar assim... Tamborilam os dedos, na mesa e nas teclas. As pontas do cabelo recém-cortado picam nas costas nuas. Por vezes não ter nada para fazer é mais desesperante do que ter várias tarefas simultâneas. O corpo balança-se na cadeira, a favorita, com pés em forma de estrela e rodas. O pé bate no chão, desajeitado. Há um ritmo desfiado neste vazio de acções - porque não há acções com um objectivo, há apenas gestos sem sentido. Como forma de consolar um espírito irrequieto em pensamentos, uma cabeça mergulhada em perguntas para

Quando a chuva é cá dentro...

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Conheço esse olhar, tão perto de chorar. Quando a chuva está dentro de nós, e não fora da janela. O sorriso afasta-se do rosto, com o vento, e as suas rugas perdem-se sem sonhar. Pensas que não há razão para ficar... Pára! Por um instante aprende a respirar, apenas pelo prazer que isso dá! Sorri, ainda que por entre lágrimas... sente as rugas a encostarem-se umas às outras no canto da tua boca, como camaradas! Acorda! Há um caminho aberto só para ti! Não desistas de o percorrer, só porque esta noite ameaça chover... Já sabemos que vais encontrar pedras no caminho... mas faz como Fernando Pessoa: "Pedras no caminho? Guardo-as todas, um dia vou construir um castelo!"

Viagem dentro de mim...

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Tu és… Aquilo que fizeram de mim. Moldaram-me, ajeitaram-me, limaram-me. Mudei. Quem fez isso de ti? A vida. As pessoas. As contingências. O acaso ou o destino (?). Muito de mim nasceu já assim. Sou uma peça de barro que nasceu em bruto, com instintos, sensações, aptidões, capacidades e limitações. E cada experiência por que passei foi um instrumento, uma mão, um dedo a moldar-me à sua forma, a ajustar-me a si. Mas és feliz assim? Sou feliz enquanto busco ser melhor, enquanto procuro ser mais. O melhor de mim está ainda por revelar, e é na corrida contra os dias que procuro trazer-me à superfície. O que és? Como és? Sou pedaços de vida. Sou pedaços de dias, uns mais intensos que outros. Sou polegadas impressas no barro, e sou gota de orvalho que a manhã se esqueceu de secar. Sou restinho de terra na água que sobe e desce nuvens, percorre montes, mares e céus e ar… Sou ar… vazio preenchido. Todos os dias um pouco mais preenchido. Mas no entanto ainda vazio. Sou coração preenchido por am

História de amor em dias de tempestade...

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Os pássaros voavam baixo, inquietos. Ouviam-se as gaivotas em terra, sinal de que a chuva vinha a caminho. Mia e Martim correram como crianças a fechar o último par de janelas, enquanto ouviam o primeiro trovão ao fundo. Tudo estava como deveria estar: o estúdio praticamente às escuras, uma espiral de fumo de incenso desenrolava-se no ar, a lareira estava finalmente a pegar, apesar do vento; o chocolate quente acabava de aquecer numa chaleira. Velas enchiam o chão perto do sofá e da cama; enquanto trauteava “What a Wonderful World”, Martim acomodava uma manta gigante no sofá, a preparar um verdadeiro ninho. Mia trouxe almofadas e um cobertor para o chão, quando ouviu os primeiros pingos de chuva a rasgarem o ar e deitarem-se nas ruas e nos telhados. Sorriram um para o outro; nada mais compensador depois de uma semana de trabalho, do que a companhia romântica e cheia de paz que encontravam um no outro. Mia trouxe o chocolate quente nas suas duas canecas favoritas, enquanto Martim se ani

Sabem calçar os saltos altos, mas não sabem caminhar com eles...

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Eu, que não sou ninguém para criticar ninguém, devo deixar aqui expresso: tenho vergonha da geração jovem actual! Tenho algo de horrível a confessar: eu vi partes do concerto... festival... circo... aquilo dos Morangos com Açúcar no Coliseu, transmitido pela televisão!!! E deixem-me que vos diga, horrorizada fiquei! É incrível o movimento em massa que está gerado em torno deste fenómeno. Miúdos que deviam estar na cama às dez da noite a comer torradas com leite (pelo menos eu no meu tempo estava, e muito feliz), estavam afinal disfarçados de adultos, a empurrarem-se para ver grupos musicais sem talento, actores sem potencial e histórias que mais poderiam apelidar-se de clichet's!! Mas penso que o que mais confusão me fez foi a atitude destes miúdos que, tendo à sua frente pessoas a actuar, a trabalhar, não souberam comportar-se com o mínimo de postura (sabem calçar saltos altos, mas não sabem caminhar com eles) ou respeito pelos actores. Gritavam enquanto os actores falavam, dizend

fairwell, my dear friend...

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My little Maria... Have a tear in my eye while I say goodbye, 'cause you were so special to me... (fell asleep @ 11.06.06)

por um sorriso, uma cereja...

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Os dois vão até à mercearia. Ela tem que comprar tomate para o jantar. Entram de mão dada, dando nas vistas por serem um casal de meninos às compras. Ela procura aquilo que quer, enquanto vai buscar um saco. Ajuda-a a escolher os mais bonitos. Em seguida dão mais uma volta pela loja e põe-se na fila para pagar. quando estão quase a chegar à caixa, ela avista uma caixa de deliciosas cerejas! Está na altura delas, e estas parecem tão carnudas e apetitosas... "são a minha fruta preferida!", diz ela, "mas costumam ser muito caras...". Ela rebusca os bolsos, à procura de mais uns trocos. Mas o dinheiro só chega à conta para o tomate que a mãe pediu, e ele também não tem dinheiro. O sorriso enorme dela desvanece por momentos, mas perante o ar triste dele, faz um sorriso e mete conversa, procurando esquecer a gulodice. Ele vira-se por momentos, a olhar à volta, e ela avança para a caixa. Paga, coloca o saco de tomate num saco de asas e saem juntos, de mãos dadas. Ao cortar

Rock in (Rio) Coração...

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Quatro horas. O sol bate radiosamente sobre todos nós. Cada passo que damos, mais perto de um dia muito esperado, muito sonhado e ansiado. O calor invade tudo e todos, expande as alegrias, exalta os corações e as sedes. Brinca-se com os problemas, fazem-se trocadilhos com as adversidades. Porque não há ventos que nos atrapalhem, por hoje. Pelo menos hoje somos só nós, para nós, por nós... Caminha-se devagar, a admirar um mundo novo, diferente de tudo até então visto. Muitas atracções a pedirem-nos o olhar, a pedirem atenção. Os olhares estão, assim, deslumbrados. Muitos sorrisos: afinal, é sítio e dia de festa, divertimento. Só... Não há razões para correr ou preocupar, tudo está a primor. Pintam-se as mãos para se pintar por uma boa causa... a obra final não importa, desde que o processo da pintura tenha incluído sorrisos, boa intenção, amor. Por um mundo melhor... Passa-se no cantinho reservado a um refrigerante, onde um chuveiro refrescante e aberto mata a sede à nossa alma, a preci

quando a pedra se partiu...

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Ela correu, mais do que os seus pés poderiam adivinhar ser capazes! Sabia que tinha de chegar a horas, que não poderia atrasar-se nem um minuto. Os seus cabelos ondulado bailavam com o vento da corrida. Ali ele a esperaria, como de costume aperaltado e direito, olhando o relógio com desdém e impanciência. O seu cabelo penteado pelo gel não permitia um único fio solto, como se fosse a pedra de que o seu coração era feito. Virando nervosamente a cabeça para ambos os lados, procurava-a com o olhar. Os joelhos dela rangiam, falhavam com o esforço, mas ela não ligava, pensava apenas no caminho que lhe faltava percorrer, deixando que o desespero se soltasse em lágrimas à beira dos seus olhos. Tinha que lhe contar... não podia esperar mais! Ele levantou-se. A sua respiração acelerada e quente quase se podia ver sob o nariz. Estava furioso. Ela avistou ao fundo a curva que, contornada, lhe permitiria ver o sítio do encontro. Respirou fundo, engolindo golfadas de ar poluído. Avançou para