Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2022

Poema sobre a curva do meu pescoço

Já vi coisas boas a perderem-se Tantas vezes Que por vezes não consigo evitar Ainda que a espaços O medo Mas depois É na curva do meu pescoço Que tu páras para descansar Como quem se senta ao balcão do seu bar preferido O nariz à procura de se fundir na pele Estacionas como quem diz Tudo bem por aqui Neste cantinho à beira-mar plantado E lá segues tu Como passarinho assobiando por entre os telhados Alheio aos gatos E às pestes que costumam tirar-te o sono A espera cansa E a solidão, em alguns dias Queima Mas depois vem a cadência Do teu respirar consolado e quente A contornar a curva do meu pescoço Às vezes, até há um beijo arrepiado E desse lugar parte um som Espera, já sei (vais achar que é mariquice) Mas há, num eco provocado pelo tempo O som do destrancar de uma fechadura A cada vez que me procuras e ali adormeces Adormeces como quem está no seu lugar E eu Sem perceber bem como, nem porquê Abandono-me ao sono contigo E creio Na esperança dos crentes No optimismo dos que fazem conta