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A mostrar mensagens de janeiro, 2014

Sobre a praxe. Uma opinião.

Não posso falar do que não vi. De quem não conheço. De lugares e ocasiões onde não estive. Pela mesma ordem de ideias, não posso fazer julgamentos sobre nada disso. Limito-me, assim, a falar sobre o que vi, o que conheço, e os lugares e ocasiões que fui, que foram em mim. A praxe não é toda igual, desde logo, porque quem faz a praxe são as pessoas . E estas são capacitadas de um dom único e fantástico: a idiossincrasia. Logo, tudo é possível. Maximizamos este potencial de diversidade quando combinamos as pessoas em grupo - todo um outro fenómeno, capaz de transformar praias paradisíacas em estradas de cimento. Adiante, o que eu vi. Eu conheci alunos mais velhos, com quem nunca teria coragem de falar, se não fossem as praxes. Graças a isso, conheci mais de perto a Faculdade onde entrei; integrei-me . Construí, com a ajuda das actividades desenvolvidas em praxe, uma rede de apoio social dentro da faculdade - grupos de amigos do meu ano, colegas mais velhos. Recebi muita informação

Essa luz.

Aí dentro, o desencontro. Não se fazem dias felizes só porque sim. Devem guardar-se no pé de meia, e ser usados com cautela. Eu, se os tivesse, ainda assim, gastaria um por esta altura. Para calar o silêncio seco dos dias. Falamos de quem, já não muito forte, tem de se fazer de árvore. De quem só agora aprende a zangar-se para fora, e não para dentro. E ao analisar bem o que me rodeia, vejo que não desejava estar aqui. Não porque não aguente - afinal, até sou mais forte do que pensava -, mas porque não pertenço a este lugar. E no entanto, há um floreado na barriga. Um par de borboletas, não se conta ainda uma mão cheia; como um beijo ao de leve, uma brisa que não chega a ser vento. Para melhor vos explicar: quando estamos a aproximar-nos de uma berma elevada, onde sabemos que a altura nos irá impressionar - esses breves instantes anteriores, infames e desprovidos de fama, que antecedem os pés chegadinhos ao abismo. É aí que estou, ou creio estar, embora não hajam mapas para estas

A poesia das escolhas

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Acho que, se quisesse, e com o devido investimento, teria jeito para várias profissões. Sobretudo ligadas ao ensino, às letras e às línguas, que sempre foram o meu forte. Tenho também jeito com pessoas, e por último com animais. De todas essas coisas, escolhi provavelmente a mais difícil. Ajudar as pessoas a lidarem com o seu sofrimento e as suas dificuldades, em momentos da sua vida em que se encontram bloqueados ou em situação de crise. Digo que é a mais difícil porque é talvez, de todas, a que nos implica mais a nós como pessoas. Aquela que implica um maior envolvimento emocional, e portanto requer uma "carcaça" mais forte. A ferramenta essencial somos nós, e tal como um bisturi, um martelo ou uma seringa, trabalha tanto melhor quanto mais cuidado, limpo e forte estiver. Expõe-nos especialmente às nossas próprias vulnerabilidades. Sei que estamos sempre a tempo de escolher outro caminho. Ou de nos completarmos com outras actividades. E também sei que em cada escolha

Poeira no nariz

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2014 aparece de nariz empinado. Lança-me um olhar de desprezo, qual boazona de copa D, do alto das suas plataformas e do seu casaco de maquilhagem. Pensavas que ia ser fácil? Todos os botões das minhas inseguranças são pressionados, escrupulosamente. Mas desta vez, no lugar de um corpo arrebatado pelo comboio, há zanga. Como poeira e entrar-me pelas narinas. Decido que vou usar essa zanga como um bem precioso. Como vento, nas pás do meu moinho. Hoje a vida escolheu mostrar-se a mim como um teleférico, que se move ininterruptamente. E se eu quiser gozar da sua boleia, tenho de correr a apanhá-la. Claro que eu já devia saber isto, mas tenho andado ocupada, bloqueada pelo medo. Hoje, recebo um pontapé no traseiro. Como se me olhasse agora no chão, pergunto-me a mim própria: então, já estás farta de estar de cabeça baixa? Será que já chega, ou...? Queres continuar aí? Recolho a energia deste pontapé e danço. Irrito-me e lanço-me, num voo. E grito, se necessário for, para perpetuar

Sobre António Zambujo.

Achei que tinha de falar de António Zambujo. Porque acho que tal encantamento de flauta no meio da floresta nunca me tinha atingido com tanta força. Que faz mexer o pezinho, trautear, sorrir. Uma música de quem põe mesmo o coração no que faz, e com isso remexe no nosso. No meu, claro está, pois felizmente, fora dos livros de criança, não respondemos todos à mesma flauta. Como eu gostava das principais músicas que passavam na rádio, ofereceram-me dois CD’s dele pelo Natal. E agora dou por mim perdida nos folhos das melodias, na simplicidade ternurenta das letras. Por vezes flutuo atrás das histórias contadas, cantarolando. Dou por mim, sem tempo ainda para atribuir significado meu a uma canção, recordando momentos doces da minha vida. Inadvertidamente, vivo e respiro, em vez de sobreviver e arfar; grata, sorrindo sem que o esperasse. Sabe-me a colo, a sesta soalheira, a beijo gordo! É esta doçura, sem dúvida. Este romantismo arejado e esta ternura desinteressada, que nos sopram par