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A mostrar mensagens de agosto, 2018

palavras.

Os anos vão trazendo alguma estabilidade.  [percebo agora que a estabilidade  que chega, no entanto, não está no chão, mas sim nas pernas.] Conheço o medo bem de perto; nunca tive lata de o tratar por tu (embora ele nunca me tenha tratado de outra forma), mas convivemos lado a lado há muitos anos. E posso dizer que só há bem pouco tempo comecei a atrever-me a encará-lo nos olhos. E não é que o gesto não me faça tremer por dentro; simplesmente, passou a ser mais importante atravessar esse rio e arriscar ir ao fundo, do que ficar do lado de cá da margem sem nunca saber o que poderia ter sido. E encarar o rio, concentrando-me apenas na força das minhas pernas para me manter de pé, tem-me trazido essa estabilidade. Experiência, alguns lhe chamariam. Agora que penso nisso, há outra coisa que vem ganhando formas diferentes para mim - sobretudo ultimamente. As palavras. E se eu sou menina de palavras...! As palavras podem ter um poder magnífico, se nos permitirmos. E quando falo em pe

Ronronar.

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[nem sei explicar a benção, o alívio que é por vezes olhar para uma página em branco. haverão dias em que é um aperto; mas noutro dias, como hoje, é como um daqueles suspiros profundos que esvaziam o peito; a prometer acontecer dali a nada, quando a página estiver cheia.] Esta sensação apertada, enquanto te pões a caminho de um sítio novo. O nervosinho no estômago, e o sorriso desaparafusado. Há um sabor tão diferente a dançar na boca - meio picante, que pede para beber algo doce. E quando molhas os lábios no alívio doce, dás por ti a ansiar por mais desse picante. Como entrar no mar, e depois receber o calor. E precisar novamente do mar, num círculo tão perfeito quanto poderia ser eterno, se o dia nunca terminasse. Pôr de lado as sombras, os ses e tudo o que me diz que este caminho pode às tantas estar errado. E se elas (as sombras) insistirem em aparecer, estou até com disposição de criança para brincar às escondidas. Não conheço o caminho, mas já conheço as minhas pernas - sei

Tirei-te a fotografia quando te conheci

I rrita-me, a obrigação de comprar prendas. Adoro fazê-lo espontaneamente, mas detesto o dedo espetado do calendário, de sobrancelha levantada a fazer exigências - a tensão provocado não deixa margem para a espontaneidade.  E a espontaneidade é daquelas coisas que todos já tivemos, mas de que a vida nos foi despindo - e é o meu objectivo, chegada a uma nova fase da minha vida, redescobrir essa camada de mim, que me faz tão bem à pele e ao coração. Porque sinto que me volta para mim própria. De qualquer maneira, onde eu queria chegar era que, ao contrário do ritual consumista de comprar uma prenda, não sinto qualquer tipo de pressão - mas pelo contrário, um enorme prazer - com a ideia de escrever umas linhas para alguém. Pegar num tópico, num sentimento - e deixar que ele leve a caneta. Ou neste caso, os dedos. Por isso, celebrem-se os anos novinhos em folha, celebre-se a espontaneidade assim mesmo, com o que temos de melhor. Tirei-te a fotografia quando te conheci Tinhas