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A mostrar mensagens de julho, 2012

Seres interiores e anteriores

Desatentadamente vivemos os nossos dias. Achamo-nos senhores do nosso tempo, esquecemo-nos de aprender. E um dia, algo de inesperado acontece. O comum "ficar sem tapete sob os pés". A dor chega e inunda todos os espaços que antes ocupávamos com falsas preocupações, ócios e lazerações [lazeres que nos dilaceram]. Apodera-se de pensamentos e funcionamentos. Transforma-se temporariamente naquilo que somos. Ou no que passamos a ser. [Para vos exemplificar, pensem na dor de ver alguém que amam a sofrer. É o exemplo que estou a reter.] Chegados aqui, somos forçados a reaprender. Porque de coração em fogo e fumo nos olhos, desaprendemos tudo. Descoloramos os nomes todos que já sabíamos, gatinhamos em vez de correr, esquecemo-nos de respirar. Voltando a viver cada dia com uma pequena glória, saboreando vitórias que já nos eram "nadas". Guardamos mensagens no telemóvel, como que para nunca nos esquecermos de estar gratos. Pelas pequenas bençãos que a vida nos vai devolve

Hoje...

... ao ver-te sorrir aquele sorriso rasgado que se tinha esbatido, com o brilho devolvido aos teus olhos e o teu rosto bonito e atento, foi como se me desapertasses o espartilho lentamente. Obrigada!*

Nunca sabemos tudo sobre nós.

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Estrela do Norte ou Estrela Polar [North Star]:  "(... ) tem esse nome porque é a única que permanece sempre fixa no firmamento num ponto coincidente com a projeção do eixo da terra (...) utilizada como referencial na orientação dos seres vivos sobre a superfície terrestre. " Incrível, como estamos sempre a aprender. Eu sabia que te amava. Sabia que eras o meu apoio, a minha luz. Sabia que precisava de ti. Mas não sabia que me podia tirar o sono, a fome, o norte , saber-te mal. Embora estejas agora longe de perigo, estás desconfortável, a recuperar e com incertezas misturadas. Tudo me abandonou, à excepção de um sentido de sobrevivência totalmente voltado para ti. Abandonou-me a capacidade de pensar, fica apenas um sentido de alerta. O corpo todo reuniu as energias num só movimento, até ti , e por onde respiro. Como a tua mão hoje, esticada na minha direcção quando me viste entrar na enfermaria. E que ao mesmo tempo que me fez sorrir, partiu o meu coração. Corri para a tu

Playmobil

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As pontas dos dedos, como habitualmente, vão sentindo com mais expressividade do que o resto do corpo. Sinto as mãos e os pés a incharem, a latejarem e a arderem. Num primeiro olhar, pensar-se-ia tratar-se apenas da onda de calor que nos afronta por estes dias. Mas não. De facto, o que se passa são os dias irritados. Dias finais, que deveriam ser de alívio, mas que são sobrecarregados com trabalho que não é nosso, dificultando o terminar daquele que é . Irritadiça vou faíscando aqui e ali. Depois recolho-me ao meu canto, encho os auscultadores de música e vou-me deixando derivar. Mas os dedos a aquecer não me deixam pensar. Como uma água que se vai aproximando da fervura, como o crescendo de uma orquestra até chegar ao âmago. Passar a pasta . Dizer adeus ao trabalho de um ano, às pessoas de um ano. Dar o passo difícil, em branco e em frente. Mas pior que isso, ter dado mais do que se tinha para dar em todos os momentos. Porque somos assim, porque é o nosso jeito. E não se sent

Espaço. Ou a luz em mim.

Uma parte significativa do nosso crescimento dá-se quando estamos sozinhos. Esta semana tenho tido uma oportunidade de ouro para crescer. Chego a casa, a tarde ainda vai luminosa. Brinco com o cão. Quem é o miúdo e quem é o adulto são coisas difíceis de definir. Dois miúdos seria mais preciso como descrição. Vou-me deixando ficar pelo jardim, muito depois de o relógio da sala ter ditado horas às quais eu normalmente já estaria a acabar de jantar. Mas eu vou regando as plantas e arranjando coisas sem pressa, saboreando as réstias de luz acumuladas no carvalho gigante, nos telhados da garagem e das casas vizinhas. Enquanto há luz, sinto o natural ímpeto de a seguir. De estar no exterior a contemplá-la, absorvê-la, gozá-la. Nunca tinha sentido este ritmo, a par e passo do que vem de dentro! O corpo e a alma parecem caminhar mais perto um do outro. Respiro fundo, sabendo que encontrei a luz em mim. Quando o sol já se deita bem para lá dos telhados [como se os usasse já para se tapar

Receitas

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Venho escrevendo coisas menos doces. Porque o coração anda em ferida. Mas hoje ponho-me em bicos de pés, faço como gente grande e escrevo algo mais risonho. Busquei cá dentro e consegui encontrar um pouco de cor. Aproveitei o vento e deixei a vela inchar-se, tomando balanço. Aqui vai. Fui para o jardim e deitei-me na rede de pano colorida, com riscas de cores quentes. Abafada pelo sol inconstante que brinca entre as nuvens, fui alternando entre o calor repentino e um frio desprendido. Sobre mim deitei a manta preferida, turquesa com estrelas-do-mar brancas, a fazer lembrar um mar especial só meu. O vento vai-me embalando, sem que eu precise de me mexer. Vou só existindo ali, no sossego. Cubro a cabeça com a manta, deixando só uma ruga por onde o ar entra em espiral e me refresca. Não combinam, a manta e a rede, nas cores ou nos motivos. Mas pouco importa isso, quando os sentidos apelam a este refúgio. Aquecida pela sol, protegida pelo "mar" privativo. E nesse aspecto t