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A mostrar mensagens de julho, 2013

Até onde vai a extravagância de uma alma?

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Chega esta altura do ano, e eu sinto formigueiros. A pele dorida, escondida o ano todo, arde-me encostada à roupa. Pede-me luz. Pede-me espaço. Os pés deliciam-se com a liberdade que o calor lhes traz. Resmungam imediatamente, se eu tentar encarcerá-los nuns ténis. Só estão felizes de cara encostada ao chão fresco de casa. Ou melhor ainda, no chão do estúdio, "mascarrados" e a dançar até estarem, como hoje, repletos de nódoas negras. Mas livres. A pele está branca e pede-me sol. As feridas das mãos pedem-me o sal do mar. As convenções sociais exigem que só mostre o corpo quando estiver livre de pêlos. Mas todo o meu corpo deseja incondicionalmente um pedaço de sol. Como o espanta-espíritos no alpendre, que aguarda mudo que o vento chegue, para lhe devolver a vida por instantes. Não sabe dançar sozinho... mas tem as sapatilhas prontas e a voz afinada... dentro dele guarda a ternura de uma melodia, que só espera ser tocada. Até onde vai a extravagância de uma alma? Pés

Conversas de dentro.

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Onde estás? Presa numa teia. Assim estou desde o início dos tempos. Não se explica. Não se percebe. Não há razões para não sorrires, menina! E não há fios a prenderem-te os tornozelos... estás de pés no chão, afinal. Livre para seres quem quiseres. O que esperas para abrir as asas? Não sei explicar... nem estou certa que tenha de o fazer! Mas vá... a verdade é que me sinto sem asas. Ou sinto-as envoltas num novelo confuso. Não sei distinguir onde começam as minhas asas e terminam os fios deste labirinto... somos um só e eu não sou nada, senão uma miscelânea de coisas que queria ser e que não encontro espaço para concretizar! Olha, assim como se tivesse um molho de peças de um puzzle na mão, e não tivesse espaço para as espalhar, separá-las e poder transformá-las naquilo que elas são; juntar-lhes os contornos, as sombras e as cores e compreender o seu significado! Estou a dizer-te que tens asas... não acreditas em mim? São bonitas, brancas. E os teus pés assentam no chão, direitos

Danço e sou um novo lugar.

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Em alguns dias, se tivermos sorte, a dança ajuda-nos a evaporar as coisas da alma. As preocupações vão escorregando através dos poros, fazendo cócegas. As alegrias expressam-se com uma verdade recuperada da infância... Porque tal como uma criança não possui naturalmente o dom do artifício e do engano, também o corpo conserva essa pureza. Deixá-lo falar é, por isso, guardar filtros e deixar histórias de lado. O privilégio de uma viagem no tempo... que podemos aprender a prolongar. Há uma verdade primitiva e absoluta, nas emoções que transpiram de um corpo que dança. E o quanto damos de nós próprios enquanto dançamos revela, na verdade, a generosidade do nosso espírito. Quando somos capazes de nos entregar plenamente, conhecemos um novo equilíbrio dentro de nós. Uma nova liberdade. E no entanto, é também um voltar a casa. Dançamos e a nossa alma põe-se em conversa com o mundo. Por isso eu danço, e assim abraço a criança que vive em mim. Nos dias bons, que são cada vez mais, é impo