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A mostrar mensagens de abril, 2009

Desabafo a quem queira ouvir

O corpo inclina-se para trás, as costas ficam arqueadas, duas pequenas curvas de músculo formam-se sob as omoplatas, e as pernas esticadas impulsionam todo o corpo para trás como uma mola que se dobra de forma perfeita. A silhueta desta mulher em contra-luz parece um sonho, sentimos a inegável beleza das curvas de uma mulher a impelir-nos como um soco no estômago, porque percebemos que parámos de respirar. Como se observar algo tão belo e absorver ar fossem duas tarefas impossíveis de serem realizadas ao mesmo tempo. Ou como se simplesmente nos esquecêssemos.... E num salto ela voa. Está no ar, quase parando o tempo à sua volta, para ser apreciada na sua façanha simetricamente perfeita, de execução irrepreensível. Acho que é esta sensação de sufoco que imagino, quando penso em estar num palco. Quando me imagino dona de uma voz que faça parar o ar que circula, que descaia a boca de muitos surpresos, que arrepie a maioria e que faça chorar os amados. Imagino os olhos fechados num aper

Dançando

Agarras-me na mão e levas-me a dançar, rodopiando de pés descalços na escuridão. Tenho a sensação de flutuar sem medo, de voar de asas abertas, apenas saboreando o vento, sem palavras. Às vezes beijas-me, e isso são palavras elaboradas e que reflectem sentimentos tão profundos... O teu toque morno aconchega-me e completa-me, dando-me a tranqulidade para rodopiar um pouco para longe e depois voltar, como um barco e seu porto de abrigo. Às vezes cambaleamos. Quando o riso nos agarra e nos embrulhamos na gargalhada um do outro, abraçados e incontidos. Se pudessem ver-nos, talvez nos chamassem loucos embriagados. A cambalear, agarrados, o riso alto e descontrolado. E tu alimentas-te disso, como se te viciasse, e continuas a fazer-me rir cada vez mais. És o vento nas asas? Ou as próprias asas, não sei. Ou talvez sejas uma parte de mim, voando. Ou talvez sejas tu o pássaro e eu apenas te observe, não faço ideia... Só sei que me dás essa sensação de pés descalços a dançar no ar, sem nunca mai