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A mostrar mensagens de junho, 2013

Janela

Saio do banho. Oiço um crepitar longínquo que não consigo perceber. Será desta que a madrugada começa a despertar em mim? Sinto assim um formigueiro cá dentro. Pergunto-me se é finalmente a luz a querer irromper para fora de mim. Procuro vestígios à minha volta. Fios de luz entornados na sombra, evidência de um começo. De uma janela que quer abrir-se de mansinho. Espreguiço-me. Ponho " Bohemian Rhapsody " a tocar, o volume a abaular os tectos. O corpo desliga-se da mente, move-se sem fios condutores. E no entanto, algo parece conduzi-lo. Algo cá dentro lhe dá electricidade. Não consigo parar... Tenho esta visão colada a mim, pegada ao corpo como o suor num dia de calor. Movo-me com crescente intensidade, para a tentar sacudir de mim. Mas talvez contrariando tudo, ela torna-se parte de mim. Talvez ela encontrasse essa brecha em mim, e aproveitando-se dela, se esgueirasse alma adentro. Às tantas danço-a. Danço esta visão até à exaustão, até que os cabelos acabados de sair d

A própria.

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"Tens de caminhar sozinha, agora". O medo instala-se em cena. Talvez já se sentisse em casa antes, mas não se mantinha de guarda a todas as horas do dia. Costumava aparecer somente à noite, para a acompanhar na sua solidão . Povoava-lhe o adormecimento e o sono, tornando ambos intranquilos. Era assim que ela sabia que ele estava lá. Um dia, ela decidiu começar a procurar a solidão às escondidas do medo, rezando para que a luz do dia abafasse o som dos seus passos. Pôde passar algum tempo a conhecer melhor a solidão, fazendo dela uma segunda pele. Mas um dia, vá-se lá saber porquê, o medo descobriu. Sentindo-se enganado, decidiu entrar em cena para ficar. Agora esse medo é um cabide que a segura todo o dia. E a solidão deixou de ser momento e tornou-se condição, pano de fundo, cenário. Mesmo com vários actores em palco, é a solidão que sobressai aos olhos dela. Espectadora. "Se queres evoluir, terás de caminhar por ti. Sem ajudas." Entretanto, em jeito de te