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A mostrar mensagens de junho, 2007

Ficção para quê?

um homem vai levar a mulher ao trabalho. faz uma inversão de marcha, manobra de sempre, em consciência de que não infringe as regras de trânsito. logo a seguir é interceptado por dois polícias que o acusam de manobra proibida. olhe que não, senhor guarda. mas eles insistem de tal forma, e o homem, que não é de ferro e acha que tem razão e que estamos em democracia - somos inocentes até prova em contrário -, acaba por pedir para os guardas se identificarem, para ele poder apontar nomes e números de distintivos. os polícias, em gestos vagos, para não dizerem que não se identificaram, passeiam os distintivos de maneira que não se leia nada. mas aquilo não cai bem e resolvem que o homem está a desautorizar a autoridade. chamam reforços, imobilizam o homem à bruta, algemam-no e ainda dão um encontrão à mulher. que por acaso está grávida. de 7 meses. ela começa a pedir aos transeuntes que, já que estão a molhar o pão no sangue, deponham como testemunhas do abuso. todos baixam as cabeças e ti

Exercício de imagética no meio da confusão

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Um cheiro profundo de sândalo na salinha fechada. As paredes brancas e os móveis estão mergulhados na cor líquida do sol de início do dia que entra pelas muitas janelas de caixilhos brancos. O gato preto espreguiça-se no parapeito da janela entreaberta - um sorriso quase parece figurar-lhe o patusco focinho branco, alguém juraria. As cortinas verdes esvoaçam dos seus lados, trabalhadas pela brisa meiga. De vez em quando, ergue as suas botinhas brancas para elas. Espreitando pela janela, vemos lencóis brancos, muitos, a esvoaçar e a deitar-se no ar, libertando o cheiro do sabão azul e branco. Olhando para a frente, um pomar com árvores carregadas de frutos - quase apetece esticar a mão para apanhar uma maçã, e sentar na relva a saboreá-la, na sombra deste momento. Nada parece poder atrapalhar este mergulho na realidade. Aos ouvidos chega apenas o ronronar do gato, e muito desvanecido, de uma casa vizinha, chega o sussuro daquilo que parece ser uma alegre melodia de swing. Sei que se des

Se eu me perder de mim... encontras-me?

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Se eu me perder de mim encontras-me? Perguntas àquela estrela Que guardou os nossos segredos Onde me levaram os meus passos Que me afastaram dos teus braços? Procuras-me ao cair da noite Quando as sombras se instalam Quando o escuro se espalha Onde estou que não me vês? Se eu me perder de mim encontras-me? Estendes-me a mão, abres-me o peito E guardas-me de tal jeito Que nunca mais me perderei de mim... in http://onlyonethought.blogspot.com/ Porque estas palavras são um espelho daquilo que tu és em mim... porque eu já me perdi de mim... e tu encontraste-me!

Mais uns Santos...

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Muita gente. Demasiada, diria sem hesitar. Mas não há pressas em amar Alfama, e um só cheirinho dela alimenta o sonho de uma vida inteira. Não sei porquê, é certo. Mas está lá, e vê-se em cada rua estreita, em cada janela cheia de flores, em cada escadinha escavada e desgastada pelo tempo. E pelas gentes. Que aquelas são ruas de gente humilde, de um povo estreito e frontal, claro e transparente. Gentes de quem eu orgulhosamente faço parte, que são um bocadinho de mim. Que me estão no sangue. Lisboa no meu sangue... Orgulho tenho, em cada bocadinho do que sou, ou vou sendo. Espanha, Alentejo, Trás-os Montes... um bocadinho de cada sou, e Lisboa não é caso à parte. Lá também cresceu parte de mim. E essa parte de mim vibra com o cheiro do manjerico, com os gritos das mulheres a puxar a brasa à sua sardinha, com as músicas populares que cresci a ouvir e a cantar. E com as janelinhas e as àguas furtadas, onde imagino histórias mil, que sinto até na pele como minhas. E quando a noite chega e

Abraço...

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E o que se pede depois de um dia que faz querer desistir? Daqueles dias cinzentos por dentro, em que nada corre bem nem mal, ou tudo corre mal, e não há nada a fazer? O que faz falta? O que se pede? Um abraço... nada mais. Porque as palavras às vezes incomodam-nos, como migalhas dentro da camisola. E até mexermo-nos, sairmos do nosso lugar, custa... Mas um abraço, bem apertado... devolve-nos o sorriso, abastece-nos de forças... e venha uma semana de dias assim, mas nós aguentamos, de sorriso na cara, só por um abraço...

Frases que enchem a alma...

Vás onde fores, leva todo o teu coração. Confucio Faça o que pode, com o que tem, onde estiver. Roosevelt Nunca se deve gatinhar quando o impulso é voar. Hellen Keller O teu tempo é limitado, portanto (...) tem a coragem de seguir o teu coração e a tua intuição. De alguma maneira eles já sabem o que tu queres ser de verdade. Tudo o mais é secundário. Steve Jobs O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza dos seus sonhos. Eleanor Roosevelt O mundo não deve ter fronteiras, mas horizontes. André de Botou Não corras atrás das borboletas; planta uma flor no teu jardim e todas as borboletas virão até ela. D. Elhers O tempo é algo que não volta atrás, por isso, planta o teu jardim e decora a tua alma em vez esperares que alguém te mande flores. William Shakespeare

A espera...

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simulo um sorriso. renovo as esperanças de o ver feliz. e num sopro. tudo volta a mim, sem novidade. e o coração desfaz-se em tristeza, porque não há momentos que valham a pena ficar. em mim... de novo a demora. de novo a rotina de um sonhar sem asas, de um preso alimentado a minutos contados e recontados. e a solidão de um suspiro agarra-se à janela, pensando na loucura de uma notícia... e sim, aí arranham-se os vidros, abanam-se os pilares... abre-se a janela... ... e eu sou feliz!

Pequenos gestos...

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"Apareceste na minha vida a pouco e pouco... Apaixonei-me por ti e agora és a pessoa que mais amo, não me imagino sem ti, desejo muito que sejas feliz, muito mesmo... E espero estar a teu lado para sorrir contigo..." Há seres que nos enchem a alma. Com uma mão cheia de amor, uma só pessoa consegue mudar o mundo. Talvez não sejamos perfeitos, mas conseguimos proporcionar momentos de perfeita felicidade aos outros. A Natureza é isso: dentro da sua capacidade de mudar tudo o que nos rodeia, ela é capaz de proporcionar momentos de tal beleza que consegue mudar-nos por dentro... E esta é a única forma de um ser existir em plenitude com a vida: a dedicar-se a esta missão natural de paz, de cuidar dos outros - entrar em harmonia . Sem cuidarmos dos outros, não podemos esperar que cuidem de nós. É verdade que ajudar os outros é um dom que não temos todos na mesma dimensão, mas pequenos gestos podem mudar o mundo de alguém... E é essa reflexão que que quero deixar hoje: não se esque