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A mostrar mensagens de março, 2008

Diário de um espelho partido...

Subiu e desceu uma, outra, e outra vez. Já sem fôlego continuou a calcorrear quilómetros, sem sair do mesmo espaço limitado do seu degrau. Não se permitiu parar para descansar. Enquanto as outras se deixavam cair no chão para recuperar a respiração, ela, já tonta, convencia-se de que o mundo é que estava a andar à roda, não os seus olhos, já desiquilibrados, a queriam fazer parar. Porque nada na sua cabeça lhe dizia que devia parar. Tinha de continuar, e não parecia difícil, embalada que estava pelo ritmo, imersa naquela jiga-joga que repetia uma e outra vez, como se não pudesse evitá-lo. E quando por segundos lhe ocorria que não aguentava mais, forçava-se a olhar para instrutora. Instruía-se mentalmente a focar o olhar já turvo naquelas curvas perfeitas, que nem Deus nem os seus pais tinham criado sozinhos. Ela sabia que um corpo tão bonito tinha que ser fruto de muito exercício, e de não comer, claro. Porque só quem não come é que pode ser assim tão perfeito. Bastava isto para que, n

Falling Bubble... ( queda de uma bolinha de sabão)

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Sob o silêncio de uma promessa partilhada (enfim cumprida e arrumada numa gaveta empoeirada e emperrada que não se pretende voltar a abrir), não caem lágrimas. Um ciclo, uma tempestade que se encerra na terra, a molha e a abandona. Tanto tempo passado. Nada mudou. E no entanto nada, nunca mais, será aquilo que um dia foi. Custa encontrar palavras para descrever o momento, rápido e solene, tal como custou encontrar forças para chegar até ele. Levantaram-se as mãos e ergueu-se o mundo. Tinha de ser feito. O ciclo. Tinha de ser encerrado. Com o simples gesto de acender uma vela, cumpriu-se a promessa. Encerrou-o da sua vida. Para agora poder continuar... Não é nenhum bebé, mas fê-la sentir-se sua mãe durante muito tempo. Não mais, agora... Só assim restou algo de si para continuar... Para este post, escolhi propositadamente a fotografia menos bonita de uma bubble . Encontrei uma falling bubble . Nem de propósito... Errada? Talvez. Mas mais feliz, agora. It's the circle of life... So

With my own two hands... (com as minhas próprias mãos)

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Não se esperam dias fáceis para nós. Pois não... mas prefiro estar de carro avariado na berma contigo... Como uma mulher grávida que ama o bebé que tem dentro de si. Porque as dificuldades podem ser muitas... mas eu posso mudar o mundo com as minhas próprias mãos, e torná-lo um lugar melhor, mais amável. Posso trazer paz à Terra, limpá-la... com as minhas duas mãos. E com elas, posso chegar até ti, alcançar-te. Com elas vou abraçar-te e dançar contigo, vou agarrar-te no sorriso com as minhas duas mãos... e confortar-te, para que não te sintas nunca vazio. Só tens de usar as tuas duas mãos também... vamos mudar o mundo* (a inspiração nasceu nesta música linda do meu fantástico Jack Johnson, em dueto com o também fantástico Ben Harper)

Alma encharcada... sonhos encolhidos

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Alma encharcada... Os olhos a arder, vermelhos e quentes, da vontade de chorar reprimida. É incrível, a capacidade do ser humano de fingir, de segurar um sorriso tão balançado no rosto - a nossa capacidade de o fazer parecer real . Estar-se inundando por dentro, e ninguém se dar conta dos estragos. Porque conseguimos escondê-lo por detrás de um silêncio empático, de quem ouve as histórias alheias com uma atenção devoradora. Dizer que sim, acenar, e encorajar as grandes cruzadas feitas pelos outros, enquanto simultaneamente se vagueia por dentro de si mesmo, a lamentar a tempestade que vai lá por dentro. As cheias chegaram, nas pontas dos pés, em surdina, fazendo estragos que nos levaram a alma. E lá dentro ficou um buraco que só se consegue preencher com a ausência de pensamento. Com a apatia de um sorriso vazio. O medo de se perder o castelo de areia. Que tantas horas ao sol levou a contruir. Sabermos que pode não ser eterno. Mas que gostamos tanto de viver nele... E de repente senti-