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A mostrar mensagens de dezembro, 2013

Garra

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Chega a altura do ano em que me procuro.  Depois de passar o ano a fugir, eis que me reúno comigo em espaço neutro, para um pacífico acerto de contas. Há quem resista à ideia de que o fim de ano significa renovação, mudança. Algumas pessoas não gostam de o fazer, por ser uma tendência geral, rígida, limitada a esta época. Achar-se-á que se trata de uma moda, talvez. Para mim, no entanto, constitui um enorme alívio. Um momento de tréguas e de alimentação. Costumo partir do princípio de que não sei o que quero. No entanto, olho para as listas dos anos anteriores: a minha lista de afazeres/objectivos não mudou assim tanto. O que significa que, se calhar, até sei o que quero. Simplesmente não estou a fazer tudo o que posso para lá chegar. Faltam, então, garras. Para agarrar. E ser finalmente feliz. *Fotografia de Briar Cliff.

Dos sonhos de outrém.

Dói o coração, em não escrevendo. As horas gastam-se mais depressa do que notas verdes, em tempo de trabalho e festividades; mas não deixa de haver tempo para o doer. Dizem que é o crescer. Esmagam-se histórias dentro do sentir, ignoram-se enredos que pedem para crescer e saltar para o papel. Porque o tempo não acredita nas linhas mais ténues do dia, e avança em golfadas, desafiante. Mas enche-se o corpo de maleitas, à falta de tempo para escrever e dançar. Estas portas, que conferem ao meu mundo interior o poder de respirar e ser. À falta de melhor, dança-se no quarto, em substituição do acto de secar o corpo com a toalha depois do banho. Ensaiam-se os passos da coreografia sentada na cadeira do escritório, em lugar de pausas para cigarro ou café. Escreve-se na cabeça, durante os percursos de carro, desenvolvendo enredos ricos em exageros e bizarrias, tal é a necessidade de expressão. Falam-me na necessidade de crescer. De aguentar as circunstâncias, de me habituar. E assim sinto