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A mostrar mensagens de dezembro, 2008

I do not love you...

"Eu não te amo como se fosses uma rosa de sal, ou um topázio (...) Eu amo-te da forma como certas coisas obscuras devem ser amadas, Em segredo, entre a sombra e a alma. Eu amo-te como a planta que nunca floresce, Mas que carrega consigo a luz de flores escondidas. (...) Eu amo-te sem saber como, ou quando, ou de onde, (...) Eu amo-te desta maneira, Porque não conheço outra maneira de amar A não ser esta, em que não há eu nem tu, Tão íntima que a tua mão no meu peito é a minha mão, Tão íntima... que quando eu adormeço, São os teus olhos que se fecham." Pablo Neruda

Imagens de um desejo

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Pequenos pedaços, fragmentos de eu. Numa turbulenta madrugada se soltarão, em gritos de prazer, em gargalhadas sonoras, olhares derretidos, madeixas de cabelo soltas sobre costas nuas, palavras de amor e reconciliação. De paz. Depois do sonho concretizado. Um sonho escondido, tímido e bem guardado, com medo do olhar alheio. Um palco. Uma voz sozinha, como uma alma à janela. A encher a sala. E por uma vez. A primeira vez. É encanto. Como um beijo profundo, a parte que entra dentro de nós e nos faz respirar fundo. Essa parte do beijo. Essa parte que abalroa e nos preenche, nos enche de cor. Ouvir uma voz tão bonita que não se contêm as lágrimas. Mas uma sala inteira sentir isto... é obra. É um dom. É magia. E sentir nos olhos dos outros, que vêem essa magia em nós... É só isso...

Infância

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Numa dessas tardes bem londrinas, em que os vidros do carro mais parecem faces de carpideiras, brilhantes e pingadas, e o céu parece ter sido sempre cinzento, aventurei-me pelo meio das luzes nubladas até ao meu bairro de infância. Teimei em passar naquela que é um pouquinho a minha pastelaria, por estar mesmo a precisar de um sabor do antigamente para me aquecer por dentro... Entro, e perante os olhares dos amigos percebo que enalteci demasiado o lugar: a grande pastelaria de que sempre falei à boca cheia não passa mesmo de um café de bairro, em aspecto e distinção. Com o talhante ainda de "farda" de fim de dia a beber um copo ao balcão, e a velhota de carrapito desmontado a beber um chá e a comer o seu bolito. Apercebo-me de que até para mim a pastelaria parece de repente mais pequena, mais escura e menos... especial. Imagino que na minha fantasia o café devia ser colorido e cheio de pessoas felizes, pois é assim que uma criança com uma infância feliz vê normalmente a vida.