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A mostrar mensagens de março, 2009

And the oscar goes to...

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O tempo passa por nós, muitas vezes como um tapete voador que nos retira de um lugar e nos leva para outro, sem que sequer cheguemos a dar por isso. Os caracóis da idade da inocência caíram, algumas rugas adensaram-se à beira do precipício do olhos e do sorriso (por vezes até da testa), e a pele, antes resistente a qualquer intempérie, agora texturiza-se de manchas e de grossas olheiras com a falta de tempo, os trabalhos que ainda estão na cabeça e os outros que já estão a ser feitos ou já deviam ser entregues... enfim, a entrada a pés juntos na vida adulta. Em resumo, o brilho dos olhos tornou-se um pouco mais baço: já não se sonha tanto com o príncipe encantado, a banda favorita ou o bife com natas, mas fantasia-se antes com uma casa a que possamos chamar nossa, um emprego estável e de que gostemos, e dinheiro ganho por nós, para uma refeição garantida. Enfim, crescer... Mas não escrevo para falar das coisas más que se adquirem, ou da suposta "crise" de que todos falam. Esc

Lugar. Cor.

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Abre-se a porta e descobre-se qual é a sensação de nos embrenharmos na escuridão: olhar para a frente e parecer que nos estamos a ver de cima, a desaparecer no meio das sombras, a perder o contraste com a noite de repente, acabados de sair dum seio de luzes artificiais. E no entanto, tudo é mesmo tão artificial, que parece haver algum alívio quando deixamos de conseguir ver-nos a nós mesmos. Conforto-me cantando. Porque nada mais preenche. Parece haver um vazio, a que nada nem ninguém consegue dar cor nem significado. E ao escrever isto apercebo-me do chavão. Mas só agora o peso destas palavras me caiu sobre as costas. Só agora nos medimos mano a mano. Há um vazio. Mas não há uma razão. A casa não está vazia de móveis, nem de cores, nem de coisas minhas, que amo e desejo cuidar. Simplesmente não consigo focá-las, identificá-las, mover-me para as cuidar. Acontece que nos carregamos, sem saber para onde. À procura de uma porta em que nos faça sentido entrar. Em que pareça que vemos refle