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A mostrar mensagens de abril, 2020

Dar um momento ao coração

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[Estávamos dormentes. E de repente não sabemos o que vem depois de nós. Nem sequer durante.] De repente o mundo agiganta-se e cresce-se-lhe o peito na nossa direcção. De repente ele está zangado. Não - ele já estava zangado. Nós é que não vimos. Não achámos que fosse nada de sério. Uma birra, quisemos achar. Já lhe passa. De repente, é urgente parar. Mas que enorme contrasenso numa só frase! Nem me dou conta de que tenho os bolsos cheios. De trocos para o café. De mensagens às quais não respondi. De beijos, de abraços, de tempo, de escolhas. Sento-me, tentando pintar um daqueles livros para colorir para os adultos que estão a tentar reaprender a estar no aqui e no agora. Escolho o desenho que mais me diz algo, ainda em branco. Vou repescar lápis antigos numa gaveta perdida, reeduco a mão para o papel. Mas até os lápis me parecem gastos, a cor cansada mastiga o papel - marca-o, em vez de o pintar. De forma semelhante, agora que penso nisso, às noites de sono nas minhas rugas. De c