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A mostrar mensagens de junho, 2009

Meninos assustados

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Dois meninos assustados, encolhidos na penumbra. Com medo do que o futuro lhes pode trazer. De mãos dadas, porque é a única certeza que têm: têm-se um ao outro. Olham pela janela amedrontados, ambivalentes entre o medo de descobrir, e a inquietação de ficar na dúvida. Será que devemos atrever-nos a espreitar?, ou será que devemos esperar? Choram como duas pequenas crianças que são; o mundo é tão grande e tão assustador por vezes, especialmente de noite; de dia são cores, brinquedos, risos e doces; mas de noite tudo se esborrata, as dúvidas da penumbra podem ser só imaginação, ou podem ser mesmo monstrinhos... Conversam para espantar o medo. Vamos ser amigos para sempre? Posso contar-te um segredo que nunca contei a ninguém? Mas prometes que não te zangas? Olha, será que os nossos caminhos se vão afastar? Mas eu não quero... fica aqui. Abraça-me. Estou triste... Tenho saudades de ser pequenino... Muitas certezas têm as crianças. Por isso, quando a infância lhes começa a escapar por entr

Ensaio sobre a confusão

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"E eis que ela bate no vidro... trazendo a saudade" (Pedido egoísta) O dedos doridos de querer escrever e não conseguir. Mão na consciência vontade de chorar. Tantas coisas a meio. Desalinho papéis amontoados coisinhas por terminar. Nada completo... E desta visão, de novo a vontade de chorar. Engolida. Some-se lá para fora correndo. E grita-se abana-se e zanga-se com tudo o que mexe. E se não se zanga procura mimos carinho em todo o lado, mas agora não há tempo tanta coisa para fazer e ainda haviam de parar para pensar nela. E as festas são desajeitadas e rápidas, não atina ela ou os outros não consegue entender, fica irritada com tudo e de novo a vontade de chorar. Se fossem só papéis por arrumar mas não é, a cabeça também não encontra lugar, o coração que não deixa de se agitar, o tempo as horas num desassossego, que não sabem parar não dão uma pausa. As mãos inquietas querem ajudar mas perdem-se no caminho sem mapa ficam sem saber por onde começar, desistindo antes ainda

Musicbox

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O corpo preso dentro de uma caixinha, sem respirar. Encolhido, imóvel, contido e furioso. Preso no tempo, algures num mundo parado, à espera de poder respirar. Os pulmões pedem espaço para se abrirem, para absorverem um pouco de ar. Faz força, o corpo, as costelas empilhadas num último fôlego. E por fim a caixinha abre-se... no meio do nada, vê-se agora, uma sala sem paredes, um vazio sem nada. A alma enche-se de uma lufada desesperada com música, e a voz sai, empedernida, trapalhona, desesperada. Os pés, ainda amachucados, soltam-se das ligaduras e saltitam, movem-se sem parar, e o meu corpo pede-me que dance, que não pare de flutuar. Não preciso nem posso pensar na forma como devo mover-me: simplesmente fecho os olhos e deixo-me ir, sem olhar para mim, mas apenas para dentro de mim, onde as cordas de um instrumento musical se abanam sem pudor. Alimento-me de vozes bonitas. Preciso delas para me sentir preenchida, tudo o resto é vazio. Preciso do arrepio, do sonho. E danço como se nin