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Um dia atabalhoado em Lisboa

Ora por onde começou esta viagem... ah, já sei, por uma incursão à Praça da Alegria. Ia lá para procurar uma escola de dança de que tinha ouvido falar. Qual não é o meu espanto quando chego à Praça, e vejo tudo menos... alegria. Coisinha mais cinzenta e tristonha, credo. Albergava tudo menos gente alegre, e as suas vibrações eram tão negativas que me pus a andar dali para fora assim que pude. Esquece lá a dança... Para ir à Praça, eu tinha deixado o carro no início da Avenida da Liberdade, pertinho de um hotel de luxo cujo nome não preciso de pronunciar (até porque não me lembro). Adorei o facto de um lugar ter vagado para mim quando eu ia a passar, deu imenso jeito. Mas giríssimo foi sair do carro para ir pôr moedas no parquímetro e ver, a rodear o meu "Bogas", coisas humildes como Mercedes, BMW e Audis por todo o lado... não consegui ver um único carro que não me exigisse vender o corpo por largos meses para poder comprar a sua entrada. Isto deu-me que pensar: "boa, o ...

Uma das muitas razões porque me sinto a enlouquecer

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Porque consigo aspirar a dúvidas sobre se te amo. Sobre se me amas. Nada poderia fazer menos sentido. Temos tido momentos menos bons. Refilo contigo. Tu não tens paciência para mim. Apetece-me chorar. Muito, às vezes. Penso em desistir de tudo. Deixo-me absorver pela noção de que não sei quem sou. Deixo, repito, deixo que se apodere de mim este nevoeiro de tempo sem definição, em que eu não sou nada e me misturo com essa confusão de linhas e sombras. E tu já não me podes ver assim. Fazes tudo para me ver sorrir. Mas às tantas, já eu vou às tuas costas para estar bem. Constantemente. E tu sentes-te cansado. E com razão. Ninguém pode carregar com outra pessoa para sempre. Não só não é possível, como não é justo, nem bom para nenhum dos dois. E só agora, ao ver-me cair das tuas cavalitas, ao ver-te cair exausto ao chão, e a pôr tudo em causa, me apercebo de que andei à boleia este tempo todo. Porque todos queremos viver felizes para sempre. A todos nos cabe esse direito. O de sonhar e d...

Porque os nossos dias deviam ser cheios de pequenos P.S.'s!!

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** P.S.: Sabes como é que eu sei que te amo? Por causa da forma como me sinto quando estou ao pé de ti. Pela pessoa que sou contigo! Fazes-me sorrir... =)*

Sei que... mas quero voar. Por favor.

Descalço-me. Mergulho no chão os pés nus. Deixo-me arrepiar pela sensação súbita do frio que me quer acordar. Fecho os olhos e espero o som da porta da rua a fechar-se. Silêncio . Há um compasso de espera. Como se a confirmar que é real. Suspiro inconscientemente, com o corpo todo. Sinto-o relaxar. Só agora... Precisar de estar só . Uma sensação que eu não compreendia. Que me era estranha. E que agora me atinge como uma mão que impede de respirar, constantemente. Não sei sobreviver de outra forma a esta onda. A este torpor e a esta ganância da alma. Quero silêncio. Quero poder ouvir de novo o meu coração a bater. Mais do que ouvir-me, escutar-me. Escutar o meu som. Vivê-lo, curti-lo. Sabendo quem sou, isto é muito bom! Habituada a precisar do ar de outrém. A desesperar pela mão sempre próxima, ao afago constante. Dependente. Isto é, portanto, maravilhoso passo. Redefinição. Mudança. Transformação . E no entanto, pareço viver a vida em constante e ininterrupta mudança. Pareço lagarta q...

Como se estivesse prestes a desaparecer...

Não consigo escrever... Preciso que olhes para mim. Preciso daquele brilho único nos teus olhos, que faz o mundo parar! Como se eu fosse o teu mundo. Preciso daquela falta de ar, daquela sensação boa na barriga. Ainda te lembras de como é?! Não quero perder isso... não te quero perder! Quero de novo as tuas mãos gulosas, a tua paixão a picar-me na boca, por entre beijos. Quero os teus olhos deliciados, e quero, mais do que tudo, a tua gargalhada. Sabes que essa é mais rara do que aquelas pedrinhas do fundo do mar? E é tão mais bonita... quando tu ris, fazes-me ressonância no corpo, na alma, como se fossem cócegas macias... e só me quero rir contigo, ir contigo nesse barco e desaparecer... Também és o meu barco para fora da realidade... e eu quero tanto embarcar contigo. Quero sonhar nos teus braços, onde posso deixar de ter medo. E quero ser a mulher de quem tu precisas. Aquela mulher que está sempre segura no seu lugar, feliz, sorridente. Que canta como um passarinho sem medo. Aquela ...

Baloiço

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Hoje sentei-me no baloiço. Não obstante a chuva teimosa, o céu de dentes rangentes, as caras franzidas. Ajeitei as meias às riscas que me chegam ao joelho, levantei as saias e aconcheguei-me nesse tesouro da infância que é o baloiço. No baloiço fazemos o quê? Equilibramo-nos. Fazemos força para avançar. Para subir. Sabendo que em seguida voltaremos a descer. Deixamos o cabelo voar, voamos com ele. Esticamo-nos. Brincamos a esse doce balançar. Eu balancei. Querem saber o que descobri? Tenho 25 anos. Idade mais do que suficiente para chegar com os pés ao chão. Tirei um curso, e mais do que isso, acabei-o com prazer e distinção. Como quem recebe uma estrela para pôr na bata da escola primária. O auge. Tenho esperanças, equilíbrio, planos, ideias. Tenho amigos com quem brincar no recreio, tenho amor, que me protege. Tenho vida! Não tenho liberdade... Ai, espera! Não tenho o quê? Mas como é que se pode andar de baloiço e não ter liberdade para voar? Vamos voltar atrás... apagando esta últi...

As asas que eram minhas

Sentava-me na praia. Todas as tardes. Achei sempre, na minha humildade entrecortada, que só aquele pedacinho de praia me dizia respeito. Calcorreava os habituais quilómetros até à praia, parte pelos montes, e o resto pelo paredão. Corria numa parte do percurso, de música em jeito de parada militar. O que me fazia correr sempre, todos os dias, era a imagem da minha praia ao fundo. Por esse bocadinho de mim eu ansiava, e por ele me esforçava. Era o bocadinho do dia em que estava sozinha. Sem problemas de outrém às costas. Sem preocupações, sem outras vozes nem tudos ou nadas. Só eu. Chegava suada, exausta. Mas com um sorriso. Sentava-me sempre na mesma duna, como se de lugar marcado se tratasse. Com o mesmo rigor que distingue a cadeira M-12 da M-13. Sempre no mesmo lugar. Um ritual, imaginam. A música aqui já não interessava. Procurava só o som do mar. Da minha solidão a acompanhá-lo, como um tambor que fica ao fundo. A cabeça esgotava-se de pensamentos, muitas vezes tendo que me obriga...