Uma das muitas razões porque me sinto a enlouquecer

Porque consigo aspirar a dúvidas sobre se te amo. Sobre se me amas. Nada poderia fazer menos sentido.
Temos tido momentos menos bons. Refilo contigo. Tu não tens paciência para mim. Apetece-me chorar. Muito, às vezes. Penso em desistir de tudo. Deixo-me absorver pela noção de que não sei quem sou. Deixo, repito, deixo que se apodere de mim este nevoeiro de tempo sem definição, em que eu não sou nada e me misturo com essa confusão de linhas e sombras.
E tu já não me podes ver assim. Fazes tudo para me ver sorrir. Mas às tantas, já eu vou às tuas costas para estar bem. Constantemente. E tu sentes-te cansado. E com razão.

Ninguém pode carregar com outra pessoa para sempre. Não só não é possível, como não é justo, nem bom para nenhum dos dois. E só agora, ao ver-me cair das tuas cavalitas, ao ver-te cair exausto ao chão, e a pôr tudo em causa, me apercebo de que andei à boleia este tempo todo.
Porque todos queremos viver felizes para sempre. A todos nos cabe esse direito. O de sonhar e de lutar por isso, incessantemente.
Perdi o controlo do meu corpo, das minhas mãos. Esqueci-me do que podia fazer com elas, sabes?
Desculpa... porque te fiz carregar comigo todo este tempo. Porque andei de cara fechada. Porque não deixei que te divertisses, não te deixei descontrair.
Porque ando tão embrenhada em mim, que me esqueci da essência do que existe entre nós, do que é mais doce entre mim e ti: a intimidade, a confiança, a amizade. Mais do que tudo: a cumplicidade.

Como posso exigir que me desejes, que me procures, se nunca te dou espaço para sentires a minha falta? Como posso queixar-me de que não reparas em mim, se não sorrio para ti?
Será que eu podia honestamente esperar que me procurasses para falar, se eu te respondia com queixumes e "mãezices", sem espaço para dizeres o que sentes?
Como te pude culpar de te afastares, quando eu é que não estava cá?


Perdoa-me... por te levar a um limite que te magoa. Por me quereres ver bem, mais do que estares bem. Como sempre, acabaste por me abrir uma janela... e eu consigo ver o que tu me querias mostrar.
Estou a reaprender... não me canso. A gostar de mim. A descontrair. E a curtir-me e a curtir-te, e a curtir-nos. Enquanto aqui estamos. Porque não é quando te perder que devo chorar.
É antes agora, que tenho de lutar por mim. Para o fazer, tenho que lutar por ti... pelo teu sorriso.
Ontem consegui sentir a nossa cumplicidade de novo. Consegui vê-la a passear-nos na pele, de um para o outro. Rimos juntos. Estivemos no nosso cantinho, na nossa paz. É isso que quero para mim. É isso que quero dar-te. O nosso equilíbrio desequilibrado. A nossa loucura em paz.
Bora?* *

Comentários

b disse…
Well...it was worth the wait ;)

*
Wicahpi disse…
thanks, b. what a compliment =))*

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