Poeira no nariz

2014 aparece de nariz empinado. Lança-me um olhar de desprezo, qual boazona de copa D, do alto das suas plataformas e do seu casaco de maquilhagem. Pensavas que ia ser fácil?
Todos os botões das minhas inseguranças são pressionados, escrupulosamente.
Mas desta vez, no lugar de um corpo arrebatado pelo comboio, há zanga. Como poeira e entrar-me pelas narinas.
Decido que vou usar essa zanga como um bem precioso. Como vento, nas pás do meu moinho.
Hoje a vida escolheu mostrar-se a mim como um teleférico, que se move ininterruptamente. E se eu quiser gozar da sua boleia, tenho de correr a apanhá-la. Claro que eu já devia saber isto, mas tenho andado ocupada, bloqueada pelo medo. Hoje, recebo um pontapé no traseiro.
Como se me olhasse agora no chão, pergunto-me a mim própria: então, já estás farta de estar de cabeça baixa? Será que já chega, ou...? Queres continuar aí?
Recolho a energia deste pontapé e danço. Irrito-me e lanço-me, num voo. E grito, se necessário for, para perpetuar esta energia e esta loucura de mãos cerradas.
Hoje, alimento-me de ti. Não voltará a ser ao contrário.

* Fotografia de Alexander James.

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