Receitas

Venho escrevendo coisas menos doces. Porque o coração anda em ferida.
Mas hoje ponho-me em bicos de pés, faço como gente grande e escrevo algo mais risonho. Busquei cá dentro e consegui encontrar um pouco de cor. Aproveitei o vento e deixei a vela inchar-se, tomando balanço. Aqui vai.

Fui para o jardim e deitei-me na rede de pano colorida, com riscas de cores quentes.
Abafada pelo sol inconstante que brinca entre as nuvens, fui alternando entre o calor repentino e um frio desprendido.
Sobre mim deitei a manta preferida, turquesa com estrelas-do-mar brancas, a fazer lembrar um mar especial só meu. O vento vai-me embalando, sem que eu precise de me mexer. Vou só existindo ali, no sossego.
Cubro a cabeça com a manta, deixando só uma ruga por onde o ar entra em espiral e me refresca.
Não combinam, a manta e a rede, nas cores ou nos motivos. Mas pouco importa isso, quando os sentidos apelam a este refúgio. Aquecida pela sol, protegida pelo "mar" privativo. E nesse aspecto tudo em mim grita combinação perfeita. Quase oiço o "clap clap" no fundo, aplausos claros dos meus sentidos, regalados.
Para mandar embora os pensamentos amargos, bebo um copo alto de capilé fresco. Mais doce do que é costume, como uma dose extra de aguardente no chá para mandar embora a constipação com certezas.
Já percebi que preciso essencialmente de voar. Enquando não encontro a melhor forma de o fazer, vou-me remediando da melhor forma que sei.

É uma receita como qualquer outra, esta que vos li aqui. Para embalar horas de princesa menos brilhante...

Foto: Flying Lessons Robert and Shana Parkeharrison

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