Em caso de dúvida, levante o braço.

Em tempos de confusão e dúvida, siga em frente.
Sempre que as apitadelas forem mais do que muitas, e lhe der a sensação de que pode estar a fazer algo errado, pare. Encoste a uma berma assim que possível, e respire fundo. Se possível, fique mesmo por aí, e volte a pegar no carro apenas no dia seguinte. E se precisar de ajuda, vá lá, não seja assim... levante o braço.

Não se esqueça de fazer algo que lhe dê muito prazer, todos os dias. Seja só um café, sejam três páginas do novo romance do seu autor favorito, ou algo mais pecaminoso, ou até mais vulgar (como o romance do seu quinto autor favorito, que encontrou em promoção no supermercado). Não importa, na verdade, a natureza da coisa em questão. Importa só o prazer que esta lhe dá. Não desista de se oferecer, diariamente, um bocadinho de consolo. Se for mais do que um pedacinho, melhor. É esse pedacinho de si que vai alimentar todos os outros. É esse lugar de si, agora acariciado, que vai criar espaço para os outros, os que precisam de si.

Procure conversar muito. Sobre tudo, o que o atormenta e o que o faz chorar a rir. Se não encontrar com quem praticar o acto descrito, fale sozinho. Também costuma funcionar bem.

Sempre que possível, pratique o abraço. Pratique palavras e gestos de amor, com maior ou menor introversão. Podem ser pequenos, e dotados de subtileza. Mas não deixe de se relembrar a si próprio de vez em quando que, independentemente da dor e frustração dos dias, existe ainda amor dentro de si. Que alguns dias podem ser ridiculamente difíceis - dar vontade de atirar a toalha ao chão -, mas que nem esses podem destruir o que existe em si de bom.

Em caso de palermice própria, procure sorrir. Vai ver que a palermice fica mais pequena, ou pelo menos valeu mais a pena. Procure sorrir em todas as outras situações acima e abaixo descritas. E naquelas que não vêm aqui descritas, também.

Se tiver mesmo de continuar a conduzir, procure concentrar-se em tudo, menos naquilo que está a dificultar-lhe a vida. Não é que isto vá fazer com que o dito cujo desapareça - simplesmente, focar os olhos até estes entortarem só vai resultar mal para si.

Respeite-se mais. Dê mais vezes a mão. E o braço a torcer. Agarre-se bem ao que traz o sol de volta. Faça mais coisas tolas. Peça desculpa. Mas nunca, por nunca, se esqueça de si.

É que sabe, você é verdadeiramente a única personagem que nunca irá desaparecer do seu livro. Por isso, dê-lhe todas as hipóteses para um final, um princípio e um tudo-o-que-vem-pelo-meio o mais feliz que lhe for possível.

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