Fio.

São duas almas, nada mais.
Quando a noite chega e abraça tudo, mantendo-se apenas longe do calor dos candeeiros de rua, eles são só mais duas figuras, dois semblantes de uma espécie que existe em demasia. Da qual não deveria existir tanto espécime, digamos assim.
 E mesmo se decidirmos aproximar-nos para ver mais de perto, não descobrimos à partida nada de extraordinário. Não são muito grandes nem adoravelmente pequenos; não brilham, não têm nenhuma característica que os coloque ao nível do extraordinário.

Mas algo no meio deles brilha.
Um fio invisível que os une, esticando-se e encolhendo-se, mas nunca quebrando. Um fio de luz que atravessa paredes e distâncias, uma ternura capaz de aguentar dias sem comer. Um sorriso que se distingue dos outros todos. Como duas mãos que se dão sem se darem, não fisicamente; duas mentes ligadas ao nível do extraordinário. Duas almas que apagam a palavra fim e colocam um infinito, ou pelo menos um enorme ponto de interrogação, ao final da estrada. Enquanto riem à gargalhada, mãos dadas por cima das barrigas redondas sempre cheias de fome um do outro.

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