Achas que sabes dançar?

Sou tão estranha com as saudades.
Os dias não precisam de passar. É como a fome, logo que se acaba de comer. A alma pegajosa, ansiosa com qualquer coisa que não sabe explicar. Como um bichinho de boca pequena a morder-nos em sítio incerto.

Esses dias, os das saudades, passam lenta e dolorosamente pelos ossos. Num instante estamos bem, no outro somos sugados para o vazio, para uma solidão sem cheiro.
A comida deixa de nos abraçar por dentro, de satisfazer. Um bom filme não faz sorrir; andamos às compras e nada nos arregala os olhos.
Não foi nada que tivesse acontecido. Ou se calhar foi o repente disso mesmo - do nada a acontecer (assim estilo paisagem a correr na janela do comboio), quando o coração queria ser abraçado. Não é da chuva, porque já chovia cá dentro. São as mãos frias; não, não é verdade. Apenas uma das mãos está fria.

Achas que sabes dançar?! Não, minha querida... com as saudades, ninguém se aguenta a dançar.

Hoje foi o primeiro dia de Primavera. Mas deixem-me ser egoísta - não para mim.
Que venha o amanhã, já. Ainda que seja segunda-feira, início de uma semana que se adivinha difícil. Mas que venha, caramba. Antes isso.

[respira fundo. agarra nessa coragem bonita que tens dentro de ti. e vai em frente.]

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