Mulheres.

Esta cidade, esta sim, sustenta-me o olhar. E eu fico aqui a cheirá-la, qual voyeur descontrolado, bebendo a minha imperial na esplanada e vendo a noite chegar á cidade. O burburinho mantém-se, apenas as cores mudam. Os cheiros também ficam mais coloridos, e a pele arrefece. Mas a alma está quente; fervilha e vibra, pulsa e estala. As línguas diferentes misturam-se no ar como perfumes. A minha curiosidade leva-me a observar tudo o mais possível, sob o olhar atento de quem não percebe os porquês de uma jovem sozinha a beber. Sobretudo no dia da mulher.
Gostava que entendessem. Gostava de me chegar a elas e explicar-lhes tudo bem explicadinho, como eu gosto de fazer. É que em 28 anos, esqueci-me sempre de celebrar a única mulher que, querendo ou não, nunca me abandonará. Enquanto isso, coleccionei algumas das que valem a pena. Rasguei da minha vida outras que me rasgaram a vontade de amar. Mas fui-me sempre esquecendo de mim.
Hoje, enquanto espero dois homens que há muito são uma força e um suporte, eis que me celebro. E que me rio cumplicemente com esta outra mulher por quem sou louca, e que me completa: Lisboa.

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