O desencontro de mim própria.

Conheço cada vez melhor o meu problema de pele. Já lhe chamaram eczema, psoríase, alergias. Eu chamo-lhe auto-sabotagem. Ou alergia a mim própria.
Apesar de se tratar de uma condição física, esclarece imenso sobre a forma de funcionamento da minha mente.
Uma mente que se sabota a si mesma. Que destrói à partida todas as tentativas de cura.
A minha pele funciona de forma semelhante: destrói-se a si mesma, não se reconhecendo enquanto una e parte do mesmo corpo, mas antes como um agente estranho que é necessário eliminar.
Desta forma, passa o tempo todo em ferida, a esforçar-se por se renovar, não chegando a uma identidade própria - por esta razão, quase não tenho impressões digitais que se apresentem.
Mais uma vez, uma óptima metáfora para a minha psique que, insegura e frágil, não se permite uma afirmação, uma coordenação de esforços no mesmo sentido. Baralhada, constrói pressupostos temporários e apressados, que duram pouco, até caírem sozinhos ou serem facilmente derrubados.
Defesas pouco eficientes. Recursos esparsos e atabalhoadamente gastos, ou melhor dizendo, desperdiçados. Demasiadas perguntas, respostas a menos.
Em algumas fases da minha vida, olho para as mãos e não consigo ver vestígios desta sabotagem. Parece que não está lá. Mas na verdade, está apenas adormecida. À espera de ocasião...
Uma amiga uma vez disse-me que este problema era na verdade um pedido de ajuda do corpo, a dizer-me para parar, respirar fundo e cuidar de mim. Oxalá eu soubesse fazer isso, e pudesse dar-lhe esse alento por que ambos ansiamos...

Compreendo agora, é nos dias em que vemos os nossos fantasmas mais de perto, que mais sofremos.  Resta a esperança de dias mais bonitos à minha espera, mais à frente... só espero que não se cansem de esperar por mim.

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