Não deixem apagar-se o cheiro do vosso coração.

Quando nascemos, somos extremamente vulneráveis. Somos das poucas espécies que dependem fisicamente da mãe, à nascença. Não estamos completamente desenvolvidos e por isso precisamos de protecção. Somos sensíveis.
Ao crescer, a tendência saudável é para que nos afastemos lentamente dos progenitores. Vamos descobrindo, explorando. E à custa de algumas quedas, vamos endurecendo. Por dentro e por fora. São estas quedas que nos permitem o nosso desenvolvimento e a nossa aprendizagem. Aqui criamos os nossos limites. Tornamo-nos mais fortes, mais independentes.
Mas com este crescimento vêm outras coisas. A educação. A cultura. E lamento ser pessimista neste aspecto, mas porquanto educação e cultura nos alimentam, enquanto raízes e origens, também tendem a limitar-nos. A sociedade, enquanto nos abraça, também nos impõe regras. Se quisermos fazer parte dela, se é que alguma vez tivemos escolha.
Ensinam-nos que, a partir de certo momento da nossa vida, ser sensível é ser fraco. Como na selva, onde o mais pequeno, ou o mais lento, são os primeiros a encurtar a sua viagem para dentro da barriga de um predador. Por isso, somos educados para esconder a emoção. Disfarçar a sensibilidade. Mascarar a nossa interioridade. Para o nosso próprio bem. Para não nos magoarmos...
Ora, aqui põe-se um problema. É que a sensibilidade é, por definição, a capacidade de sentir! E portanto, de receber. De nos ligarmos ao outro. E é aqui que começa o verdadeiro problema. É que somos educados para nos fecharmos, em vez de nos abrirmos. Deixamos de ser nós mesmos, passando a vida a ser um Carnaval, uma parada de máscaras e não de essências!
Perde-se o que existe em nós de mais genuíno, de verdadeiro. Esbate-se o cheiro do nosso coração!
Quando nos abrimos para o exterior e nos permitimos aprender, crescemos. É assim que somos em crianças. Mas vamos abafando este dom. Porque achamos que isso é que é crescer!!
Hoje apelo às pessoas. A todas. Porque todos temos esta criança dentro de nós. Uma criança com as emoções à flor da pele. Que deseja sentir. Ligar-se. Amar. E que para isso não tem medo de se mostrar, tal e qual como é. De dançar sem medo de se enganar. De voar sem medo de cair...
"Porque quando nos damos, aquilo que se vê é sempre bonito."

Amem-se. Dêem-se. Nesta permuta reside a esperança de um mundo melhor.**

Comentários

Indio disse…
Gostei muito do texto, concordo com tudo o que dizes! :)

Viva os seres Sensíveis :D

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