Tambor.

Saudade.
Quando olhamos para trás, sentindo a falta do nosso rosto mais enxuto e de sorriso sempre pronto. Do corpo menos frágil, mais fácil e espontâneo. Da agilidade da gargalhada, da inocência encontrada nos sabores da vida.
Sim. Falo de ser criança.
De me fechar no quarto a brincar com peças miúdas para as quais inventei histórias e vidas. De me demorar uma hora no banho de imersão, brincando com tartarugas ninja que afinal sabem nadar, e animais marinhos não identificados que me transportam para o universo (para mim, realíssimo) do fantástico. Acordar com a nítida preocupação de ter de comer iogurte. Filosofar, chegando ao ponto das rugas de expressão, sobre o que poderá ser o almoço. Ou sobre a possibilidade de comer gelado no fim. O rigoroso estudo dos desenhos animados, concluído através de um vigoroso debate sobre o assunto com a minha irmã, frequentemente terminando mal. E esquecido, cinco minutos depois.

Há dias em que a melancolia parece uma batida de fundo. Como um toque de tambor rumorado, ténue, que nos passa despercebido mas que determina, sem querermos, o ritmo dos nossos passos.
É em dias como este.

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