Regresso ao que é essencial.

Recomeçar exige abdicar. De peças que achávamos indispensáveis ao puzzle, mas que afinal nunca lhe pertenceram. Ou que simplesmente deixaram de servir...
Limpar o quadro. Sem negligenciar traços de giz, apenas por nos parecerem especialmente bem desenhados.

Reaprender a necessidade de silêncio. Para afinar as agulhas, de volta ao caminho para dentro.
Ouvi algures que quando nos perdemos do caminho original, isso também é parte do caminho. O que faz sentido, se pensarmos que essa história de existir um único caminho é uma ilusão! Uma fantasia, que só nos causa problemas... porque nos pressiona para mostrar resultados e nos faz perder o sentido da viagem.
Eu quero namorar a minha viagem. Quero conhecê-la dia a dia, sem a tomar por garantida. Quero agarrar cada passo meu.
Porque venho descobrindo que os passos mais importantes não são necessariamente seguros e definitivos. Dói, quando voltamos atrás num passo que foi difícil de dar. Ou quando passamos muito tempo sem avançar. Damos por nós bloqueados, porque não existe mudança. "Será que nunca vou passar daqui?".
Mas um dia damos um passo. E é como uma gota de água a deslizar sobre a garganta seca. E a sensação perdura, alimenta-nos durante temporadas. Dá-nos algo que esperar. É isso. Esperança.
As pernas hão-de repetir o gesto. Porque nós assim escolhemos. E o caminho não se vai arrepiar connosco...

E com um pouco de sorte, quando os passos se tornarem menos pensados [e por vezes dolorosos], conseguiremos segurar na consciência alguns destes pedacinhos de "saber viver". E apreciá-los ao longo da vida...

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