Esse lugar que é dançar.

Pediram-me que escrevesse. Para uma aula de dança contemporânea.
Não me disseram para escrever sobre dança. Mas em jeito de batota, eu sei que vou dançar aquilo que escrever. Por isso, faço uma capicua deste exercício!
Quando danço liberto a alma dorida. Aquela que está cá dentro escondida e que até aqui não sabia falar. Dei-lhe uma voz, a voz do corpo.
Mas quando danço, também dou espaço àquilo que existe em mim de melhor. Solto a luz que existe em mim, deixo-a esticar os braços, espreguiçar-se e brilhar.
Na dança não estamos fechados em gaiolas de definições, dicionários, estruturas de frases. Criamos significados em cada novo movimento, como um quadro que nunca termina de ser pintado. Expressamos o que vai cá dentro e que por vezes não tem nome. Rasgamos o que existe e começamos de novo...
A dança dá-nos um sítio para onde ir. Liberta-nos dos vernizes que nos tornam rígidos, inflexíveis, todos iguais. Dá-nos tempo para encontrarmos o murmúrio do nosso próprio movimento. Ensina-nos a respeitar esse nosso tempo. A respeitarmo-nos.
Enquanto o corpo dança, a alma cura-se. Aprende a estar só sem se sentir sozinha. Encontra o silêncio dentro da sua própria música. Encontra a sua alegria de criança! E cresce, espreguiça-se. Vai mais longe, sonhando.
Dançar é-nos ritualístico, genético. Algo que faz parte de nós, que nos é natural. É a forma primária de nos expressarmos. E talvez por isso, a mais verdadeira.
É um acto instintivo de pôr para fora. De dar. E quando somos capazes de dar a nossa cor àquilo que fazemos, criamos sempre algo de bonito...
A dançar encontramo-nos. Eu encontrei-me, nesse lugar que é dançar.

Comentários

Indio disse…
Dança dança dança :)

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