2Q13

Os anos novos que vão chegando sempre têm um efeito "clichet" sobre mim. Esse movimento quase robótico de tomar decisões revolucionárias de mudança, em sintonia com o ano que acabou de mudar também. E adicionalmente, o instinto artificial de que se trata de um prenúncio - de que é o momento certo para empreender esta mudança.
Não estou bem certa de que seja apenas isto, no meu caso e nesta passagem de ano específica. É que 2012 foi o ano da colisão.
Há 27 anos que eu vinha construindo um castelo na areia. E tal como em miúda, fiz mal os cálculos. Estava demasiado perto da linha do mar, tratando-se apenas de uma questão de tempo até que viesse tudo literalmente por água abaixo. "(...) Já passou, desgastei, para lá do fim... (...)".
Acontece que hoje sei que isto era necessário. E quero reconstruir o meu castelo. Como princesa da minha vida que sou, preciso de ter onde morar.
A mudança vai começar aqui mesmo, no meu espaço de escrita. Onde eu só ocasionalmente vinha largar umas encomendas de dor. Lugar de muito pouca luz, diga-se a propósito do título que eu própria engendrei.
Começa hoje um novo ciclo. Onde vou passar a "obrigar-me" saudavelmente a vir aqui diariamente. Estando actualmente sem actividade fixa, nada me impede. A não ser eu própria, até este momento!
Vou levantar-me mais cedo e actualizar o blog, escrever sobre tudos e nadas, flexibilizando as matérias da alma. Porque é questão da alma, escrever. E eu quero pôr-me em andamento, porque quero tocar alguns sonhos que escolhi para mim!
Desejo continuar a partir deste mesmo blog, porque já aprendi que a mudança tem de vir de dentro. Não adianta lavar rostos e paisagens, se não aceitarmos o que já trazemos connosco (a nossa bagagem) e se não lavarmos a alma. Comigo é assim que funciona.
Um bocadinho ao jeito do amigo Murakami, transporto-me agora para um mundo paralelo, no mesmo ano, mas um mundo diferente. Um mundo onde aprendo a confiar mais em mim para construir o meu caminho. Com menos expectativas e com menos desculpas.
Sem grandes lamechices mas com assertividade, quero agradecer às minhas pessoas, que têm acreditado em mim. Mais que não fosse, através da oferta simbólica de um caderno, dizendo-me com todas as letras: "ESCREVE!!". Ou lendo as coisas que vou escrevendo mesmo nos dias menos felizes. Ou simplesmente estando aqui. Fazendo-me rir e acreditar que posso ser tola e merecer a sua amizade. Tudo ao mesmo tempo. "(...) This is a place that I call my home (...)".

Por fim, agradeço-me a mim. Porque nada disto estaria a acontecer se eu não tivesse corrido direita ao touro, que enfrentei agarrando-o pelos tomates. Ainda não acabou, mas eu também ainda não o larguei da mão...

*Legenda da imagem - deusa Shiva (hindu), conhecida como protectora e transformadora. Assegura o ciclo da vida onde é possível a renovação e o crescimento e está neste caso representada enquanto Nataraja (Lord of Dance - a cereja no topo do bolo!).