Coisas boas

Ia a caminho de casa às 22h da noite, depois de duas horas de dança. O silêncio era tal, enquanto caminhava, que dei pela chegada dos chuviscos.
Dei por mim a deter-me no meio do caminho. Que som é este? Um tamborilar ténue. Um gotejar doce.
Primeiro uma, depois outra, lentas e inseguras aos meus ouvidos. Podia ser só impressão minha.
Guardo a respiração para mim e ponho-me a escutar. Silencio as pressas.
A Terra está de braços abertos, a receber silenciosamente. Senti esta energia na pele, no troço de pele despida do pulso, no cabelo preso no alto da cabeça. Ouvi uma gota a esparramar-se sobre uma folha, outra sobre a relva. Uma após outra, numa combinação louca de instrumentos. Sinto-me como se tivesse entrado numa sala e surpreendido um momento íntimo, do qual não consigo fugir agora. Fico a observar, a sentir.
O valor do silêncio. Traz-nos pequenos instantes como este. Em que em vez de corrermos para dentro de casa a fim de evitar a chuva, escolhemos aguardar este "esbarrar" com a Natureza, em que somos abençoados com um concerto do qual passamos a fazer parte. Ainda dei uns passos de dança...

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