Um novo princípio...?

Quero mergulhar em sol... quero abandonar os receios, despir defesas e deixar-me banhar pela sensação de bem-estar, que em mim costuma ser frágil. Sempre breve demais e por vezes ilusório, superficial.
Mas há pequenos "nadas" aos quais me agarro. E de um deles vos falo hoje, pondo as mágoas de parte. Talvez esse exercício fortaleça a fragilidade - seja lá o que isso for!

Agarro-me ao sonho de ter uma casa. Apago as televisões e rasgo os jornais, onde se repetem as crises e as teorias de que o mal só agora começou. Ponho os auscultadores e banho-me em "oldies", fugindo às vozes pessimistas que apregoam apenas as más políticas e que sem querer me arrastam para um universo negativo de "não consegues" e "não vale a pena tentar".
Escolho afastar-me das vozes sujas de más energias. Penso num pequeno jardim. Penso em cultivar as minhas ervas aromáticas - aquelas que uso para cozinhar, como o manjericão, o alecrim, a alfazema ou os coentros. Penso em fios de luzes pendurados, em garrafas de vidro e em potes de doce.
Penso em simplicidade, em tartes de maçã para lanches com os amigos, ou pastas para receber os pais. Desejo que o M. seja capaz de partilhar tudo comigo desde o início - a escolha das mais pequenas coisas, tal como das grandes. Mas sei que vou passar por um período de necessária solidão e aprendizagem de mim para comigo. E anseio tanto por isso... Penso no M. a existir aos poucos e cada vez mais no espaço, entranhando-se como o odor de um bolo acabado de fazer. Pouco a pouco, a sentir aquele espaço como seu.
Porque afinal, nada mais é preciso do que procurar o lugar onde somos felizes. O espaço onde somos nós próprios e está tudo bem. Ou o melhor possível.
Debati-me muito com as dúvidas. Sobre o meu futuro. Sobre a minha profissão. Sobre o meu companheiro. Hoje decido abandonar essas dúvidas, embora ainda sem certezas. Mas decidi que o que importa é o sentimento de chão seguro. De inconformismo. De me sentir bem com as pequenas escolhas que faço. De ser fiel a mim. E de com isso não ter medo de dar passos ao lado, de mudar o rumo.
Ao fazê-lo, sinto-me bem na minha pele.  Sinto-me bem ao lado da pessoa com quem estou e sinto-me bem a fazer o que faço. Ou mesmo que mude os "fazeres". Vou alterando ligeiramente a rota mas vou estando cada vez mais em casa. Curioso, como mudar o rumo inicialmente planeado pode revelar-se afinal o caminho que sempre desejámos fazer.

No final, é isso que me dá paz: saber que esse dia vai chegar, que eu vou saber lutar por ele e que, mais importante do que tudo, vou saber reconhecê-lo quando lá chegar.

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