Ainda acredito...

Deixo-me dominar pela sensação de que uma cara maquilhada, um cabelo loiro bem tratado, embora artificiais, são imagens bonitas. Saio à noite e vejo jovens com mais promessas do que roupas vestidas. Muitas se abastam de confiança (numas mais transpirada do que noutras) e atiram sorrisos à noite povoada dos mais variados intentos. Vestem-se de moda, muitas vezes mais do que vestem o que faz sentido nelas.
Cheias de si, penso eu. E que bom que isso deve ser.
Múltiplas cabeças se viram perante pernas despidas e cabelos claros. Em especial os esticados. Mal imaginam os homens a chatice que dá; o quanto estraga o cabelo!
Mas continuo a perder mais tempo a admirar uma cara lavada. Uma pele bronzeada do surf, um sorriso bonito e um cabelo natural. Uma covinha na face, uma mão de dedos longos, de unhas limpas. E a confiança natural de quem gosta de si. Sem capas. Sem artifícios. Sem meias verdades.
Há apenas verdade, num rosto que já acorda bonito. Numa pele que já acorda nela própria, que não tem de se esconder. Que aceita as suas imperfeições com um sorriso rasgado, com uma covinha se for caso disso! Que se aceita, mima e cuida. Um cabelo que mesmo despenteado tem personalidade. Nada deve haver melhor, do que acordar de manhã e ver o rosto limpo que conhecemos ao nosso lado. Como diz o amigo John Mayer, "no makeup, so perfect...".
Por outro lado, arrepia-me imaginar acordar ao lado de alguém e sentir... desilusão.  Porque o tom de pele não é aquele, porque a pele afinal não é perfeita e homogénea e bronzeada. Porque as pestanas afinal eram de plástico e os lábios estão na verdade encolhidos, sem o batom... Porque nós não somos perfeitos. Porquê criar essa ilusão todos os dias, a nós próprios e ao exterior?
Pergunto-me, quantas dessas "Barbies" perfeitas são realmente felizes? Quantas delas estão de bem consigo próprias? Se precisam de se esconder...
E ainda acredito, a beleza que vem de dentro e não de fora, tem muito mais estórias para contar..