Acontece que te amo

De quando em quando, dou por mim a ser uma besta!
Hoje apercebi-me de mais um desses meus actos, quando olhei para os teus olhos verdes maravilhosos raiados de vermelho, e percebi que tinha sido eu a causa da tristeza que saltava da tua alma e te repicava o rosto.
Era a mim que se devia a dor no teu olhar. E quando teimei em dizer que te amava tal e qual tu és, desviaste o olhar, como se não acreditasses em mim.
Nessa altura percebi o animal que sou, ou que consigo ser. Porque ando tão preocupada em te espicaçar para seres mais feliz, para fazeres coisas novas, para não te acomodares, para lutares por ti, que fiz com que tu começasses a sentir que quero mudar-te, que quero transformar-te em algo que tu não és. E que não te amo pelo que tu és na verdade.
Mas eu amo-te, tal como tu és, tal como te conheço... posso provar-to?

O M. que eu conheço é preguiçoso, é noctívago, gosta de perder tempos infinitos com jogos e tem a mania das rotinas. Passo a vida a refilar contigo por causa destas coisas. Mas acontece que eu gosto de ti assim!
Acontece que gosto de te ver a divertires-te com prazeres simples, como um jogo de futebol, uma conversa distraída sobre as classificações desportivas ou a leitura de um jornal desportivo. Acontece que tu já eras assim quando te conheci. E seduziu-me o teu lado desportivo, as tua vitórias constantes mas sempre humildes e tranquilas.
Acontece que sou, também eu, um pouco criança. Com quem é que eu jogaria setas, cartas e afins, se tu não gostasses de jogos?! Quem é que me ia ensinar pacientemente a jogar jogos na Internet, ou os truques do póquer? Quem é que ia ter paciência para ensinar uma burrinha como eu, se não fosses tu? E saber que posso estar a teu lado todos os dias, simplesmente relaxando num café conhecido, ocasionalmente jogando ou vendo-te jogar, faz-me sentir em casa...
Acontece que gosto de me perder em preguiças contigo, em manhãs que se tornam por vezes dias; não sinto que estou a perder tempo, mas sim a ganhá-lo, pelo menos em paz, na minha alma. E se tu não fosses preguiçoso, eu não poderia ser preguiçosa contigo, não teria à-vontade para me deixar ficar nos teus braços até depois da hora...
Acontece que eu também não sou produtiva de manhã... se não estivesse com alguém que me compreende (alguém noctívago!), passaria o tempo todo a sentir-me mal, desadequada. Mas não... sinto-me em casa!
Por fim, acontece que eu sou uma explosão instável de dias, prazeres e vontades. Se não fosses tu, regular, constante e tranquilo, a mergulhar-me um pouco no prazer das pequenas rotinas, eu seria um barco ainda mais perdido no meio do mar... Porque foste tu que inspiraste em mim o prazer por criar rotinas só minhas... e rotinas nossas, rotinas tuas...
Critico-te infinitamente por falares de assuntos que não conheces. Mas acontece que adoro ver-te a defender apaixonadamente pensamentos idealistas, sonhadores, utópicos, que caracterizam a pessoa boa, doce e ingénua que és!
Se me perguntares então, dado tudo isto, porque é que me zanguei contigo... a verdade é que não sei. Talvez porque anseio demasiado pelos nossos dias juntos, talvez porque desejo que aproveites cada segundo da tua vida para seres feliz, e porque sou insaciável, porque sou exigente, ou simplesmente, como já expliquei, porque sou uma besta.
Eu sei também que tu adoras conhecer coisas novas. Sei como os olhos te brilham quando viajas - costumo estar lá ao teu lado! Sei como te perdes a contemplar coisas que nunca viste. Sei como és inteligente, bem para além do normal; sei como a maioria das pessoas te subestimam e dá-me um prazer enorme debater assuntos contigo e sentir que tens sempre "pedalada", quer percebas deles ou não! Por isso, por vezes esqueço-me de respeitar a pessoa maravilhosa que tu és, e de te dizer o quanto acho isso!!
Como vês, M., somos diferentes mas completamo-nos muito. Tu dás-me muito... e quando me apaixonei por ti, estava de alguma forma à procura de algo diferente do que tinha na minha vida. Foi excêntrico, foi um salto grande, certo. Mas foi um salto em busca de uma wicahpi melhor, mais feliz, mais completa...
Desculpa se nem sempre sei expressar-me sem ralhar, sem me repetir... mas acontece que te amo, e quero fazer-te feliz... e acontece que nem sempre sei como**

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