Sem espaço

Ao debruçar-me sobre o envelhecimento, sobre a mudança e sobre o tempo, questiono-me. Será que ainda vamos a tempo? De afogar medos em charcos seguros, de embalar leões com música e de enganar rumos quebrados?
Será que somos mais fortes do que isso, ou é mera ilusão a possibilidade de sermos felizes não obstante o tempo, as horas e o conformismo? E não obstante também os encalços que havemos de seguir, porque os nossos pais seguiram, os mais próximos também o fizeram e os filhos dos outros o hão-de fazer também?
Gostava tanto de encontrar paz no barulho, de encontrar sentido nestes labirintos de coisas e de sentimentos, de os poder separar como o trigo do joio, o que é meu e o que não é. E ser capaz de guardar o que é meu e esquecer o que é dos outros por um instante. Um instante que me permitisse arrumar, rotular e encaminhar as minhas coisas. Para poder afirmar caminho em vez de o arrepiar, como tenho vindo a fazer.
Encontro prazer no cabelo lavado e macio. Encontro prazer ao saborear um beijo terno. Ou num abraço, fonte de energia e de paz, de construção. O abraço é-me organizador, como o silêncio. Por isso os procuro freneticamente.
Inspiro fundo. Não há espaço...

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