Outro tipo de amor...

Uma das coisas maravilhosas na leitura é a capacidade que ela tem de, continuamente, nos deslumbrar através de uma frase, uma expressão.

"Ligados por um fio de luz que, mesmo quando distantes, os mantinha unidos. E qualquer um que entrasse na sala sentiria a ligação deles, mesmo estando separados."

adaptado de Katherine Vaz em Mariana


Esta frase caracteriza aquilo que eu imagino de mais puro no amor. Um sonho que me governa: que o verdadeiro amor é um fio de luz entre duas pessoas, que as une em todos os momentos.

Essa luz, quase palpável, é observável pelos outros enquanto é, ao mesmo tempo, invisível. Como um sol só nosso, cujos raios chegam a abençoar as faces dos outros com um toque suave, em contemplação.

Esta frase trata, para mim, a constatação de que o amor é algo bem maior do que nós, e que ao existir, continua depois de nós. Fica cá para contar a nossa história. Mesmo depois de partirmos.

Nestes tempos de amores e desamores tornados vulgares, superficiais e fictícios, é bom ler uma passagem que nos recorda que a magia não consegue ser fingida ou representada.

Porque o amor não está apenas nos beijos, nos sorrisos e nos gestos de carinho. Mais do que isso, é algo que se respira.

Ou pelo menos este amor que eu sonho é um outro tipo de amor. O amor que é também aquele brilho baço no olhar, quase tresloucado primeiro, e depois tranquilo, quando se fala ou vê o outro. Uma inquietação tranquilizante. É a cumplicidade de movimentos harmonizados sem querer. É aquele ardor que começa logo na pele e se espalha como se fossem formigas, quando o outro sofre. São "toques" do outro que se colam à nossa alma, e que passam a ser nossos. É tanta coisa que não cabe cá dentro e que não tem palavras que a expliquem...


E é, sem dúvida, essa luz que parte de dentro, esse fio de luz que os une, prolongamento da sua pele e que não pode, nem com tempo, nem com distância ou paciência, ser cortado.**

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