Quero aprender a andar...

Ando às arrecuas...

Porque é que não gosto de estar sozinha? Porque é que a minha companhia não me é suficiente?

Amo-te. Demorei tanto para chegar aqui... e a nossa viagem, nem sempre acompanhada de sol, mas linda, tem valido a pena. Porque é que não consigo agarrar-me a isso?

Porque é que tenho de passar a vida a lamuriar-me em relação às coisas que correm mal? Em vez de me congratular mais pelas coisas boas que me acontecem?

Não saboreio os beijos que me dás, para me queixar dos que podias ter dado!

Não consigo ver, como os teus olhos me dizem, que sou bonita. Concentro-me nesses defeitos, que como tu dizes, fazem de mim quem sou. E não os vejo dessa forma, mas apenas como mais uma razão para me diminuir e encolher...

Sinto-me constantemente intimidada por outras mulheres, e não sei porquê... mas a minha alma fica pequenina, pequenina... e perco-me em medos e tremuras, e só desejo desaparecer. Sou insignificante, ali.

Pareço estar a ver a minha vida a correr, de fora, como espectadora. Quero tomar rédeas e não sei onde elas estão, como se manuseiam. Não sei que rumo tomar. Falta-me a tranquilidade para seguir.

Não sei se ainda me queres. Como é que é possível? Depois de tudo o que tens aguentado, suportado, apoiado e amado... e eu continuo à espera que me deixes a qualquer instante. Por achar que não valho a pena. Que não precisas de mim.

Quero ter vontade de dançar porque sim. Quero gostar de me sentir a dançar, esquecer-me dos outros e pensar só em mim. Quero que os teus olhos cravados em mim enquanto danço passem despercebidos, sejam uma surpresa e um sabor a mel, e não um esforço feito por mim, uma necessidade constante. Quero não precisar de ti, mas ter-nos...

Porque é que não consigo parar de pensar? Quero deixar-me ir e o corpo congela. O tempo passa. E nada acontece, nada muda. Desejo tão fortemente ter mão em mim!

(Re)Conhecer-me, dar um passo e depois outro, sem que as tuas mãos preocupadas tenham de me seguir. Quero que me sigas porque te sou irresistível, porque queres beber do meu sorriso e da minha energia. Quero ser o teu sol outra vez!

Acho que preciso de aprender a andar... outra vez*