Estórias inventadas

Ainda não escrevi o suficiente sobre isto. Sobre ti.
Há coisas que se desenham na nossa vida sem que nós consigamos controlá-lo. Também sentes isso? Enquanto me lês, neste momento, também pensas nas coisas que te têm acontecido, e que tu não previas?
Eu fui uma dessas coisas. Sei que fui. Pedias às estrelas que te trouxessem uma companheira. Só de pensar nisso enrubesço... saber que os nossos caminhos se podem ter cruzado dessa forma mágica.
Hoje ponderas caminhos sem mim. Talvez porque precisas de espaço, porque te esqueceste do que dói estar só. Talvez sintas que a vida comigo já te deu tudo o que tinha a dar.
Vejo-te caminhar só, viajar sem mim. É por isso que tenho de me despedir.

Recordas-te do nosso primeiro beijo? Do momento em que decidiste, "vou arriscar tudo"? Em que puseste tudo para trás e soubeste que o que mais querias era beijar-me? Era sentir os meus lábios nos teus, conhecer-me o sabor? Lembras-te da sensação, quando me beijaste?
Lembras-te do desejo? De querer beijar mais, de me quereres mais? De precisares de me tocar, nem que fosse com um só dedo? De teres vontade de estar sempre colado a mim!
Recordo-me dos pés debaixo da mesa, a roçarem-se um no outro em segredo. Era impossível não te querer tocar!
E lembro-me de me pegares na mão e quereres dançar comigo, no quarto de um amigo... lembro-me que o mundo desapareceu, enquanto eu enterrava a cabeça no teu abraço e me perdia. Lembro-me que os sons quentes da kizomba só funcionavam entre nós os dois, e que os nossos corpos embalavam como se quisessem fazer amor ali mesmo. Era química, pura e dura. E como tal, impossível de deter.
Lembro-me ainda daquele abraço. Aquele que demos, ainda como amigos, e que nos levou aos dois numa viagem que nunca esqueceremos. Lembras-te, M., de como voámos? De como não havia mundo, não haviam barreiras nem problemas! Só nós os dois, e estava tudo bem...

Ainda não há muito tempo, depois de termos a última discussão, disseste-me a coisa que eu mais precisava de ouvir. Perguntaste-me "ainda queres ficar comigo? diz que me amas... eu quero ficar contigo...". Procurei agarrar-me a estas palavras, que me deram tantas certezas naquele momento.

Hoje o amor desapareceu.
É agora que te digo adeus. Espero que sejas capaz de empreender todos esses planos sozinho, que sejas feliz assim. Que viajes sozinho e não sintas falta da minha companhia; que não dês por ti nas ruas a olhar para trás, a estender a mão à minha espera. Que sejas capaz de partilhar o mundo contigo, e só contigo. Que não te falte o meu sorriso, o meu deslumbramento por conhecer o mundo contigo.
Na verdade, acho que não me vais chorar. E enquanto a minha alma se desenhar a sair do corpo, já tu vais longe. Pergunto-me só, nestes momentos finais, se algum dia sentirás falta deste sabor. Do meu abraço, do meu beijo apaixonado. Do meu olhar, sempre atento e derretido. Do meu sorriso quando estava ao teu lado. Se sentires, já sabes, fala com as estrelas... eu estarei por lá.

Na verdade, este relato é meio inventado. Por necessidade minha de "agir", de representar as histórias que me povoam a cabeça. O bom da história é que na verdade, o amor não desapareceu...**

Comentários

Indio disse…
Vou continuar a querer ver sempre esse sorriso... Vou estar aqui!

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