A plantinha que sou.

Algo vai mudando. Algo em mim vai crescendo, devagarinho. Imagino-o como um pequeno rebento, uma pequena plantinha que vai desabrochando do solo, quase invisível. E um dia, quando o sol lhe toca, ela já mostra uma tímida folha verde. Dois dias depois, já rebenta mais uma ou duas folhas. E assim, com a timidez dos primeiros passos de uma criança, vai-se revelando.
E é bonita! Pequena, igual a tantas outras, mas ao mesmo tempo, fascinante na sua idiossincrasia.

Somos, sem dúvida, únicos. Um misto de coisas nos foram tocando, alimentando, a uma vez amarrotando ou protegendo. E isto somos, hoje.

Temos coragem para nos vermos ao espelho? Para aproximarmos a cara até ver bem fundo, lá para dentro da máscara exterior, e tocarmos naquilo que o nosso íntimo esconde? E brincamos com esses bocadinhos de nós? Conhecemo-los, mesmo de olhos fechados, apenas tacteando? Ou será que temos medo, e nos deixamos levar pela segurança do que os outros (pensam que) sabem sobre nós? É mais confortável, certamente, mas nunca mais verdadeiro...

Será que nos deixamos amar pelo que somos? Será que mostramos o pequeno rebento em nós? Ou será que, com medo que seja pisado, mostramos apenas os ramos mais crescidos e fortes?

Eu estou a aprender a pôr a minha plantinha ao sol. A aprender a conhecê-la, a aceitá-la pelo que é. A tocá-la, a vê-la sem ter de a olhar. Sabendo que é frágil, mas que é também única. Quero deixar de ter medo de a mostrar pelo que é, no milagre que é o simples facto de ela existir!

Nem tudo o que temos dentro de nós é bonito... mas temos de saber conviver com isso, aprender a tirar o melhor partido das fragilidades e transformá-las em forças, em vez de nos escondermos atrás da máscara da árvore grande e imperturbável, que nenhum de nós é!
Feio é não sabermos quem somos...

Comentários

Indio disse…
Gostei muito do texto, espero que deixes crecer essa plantinha até ficar uma arvore com raizes fortes... mas só se essa plantinha for boazinha :)

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