Aluga-se cantinho onde poder chorar
Hoje, um dia de bochechas húmidas, céus cinzentos ou muito negros, pouca luz no coração. Dirijo o candeeiro da secretária que mais parece um holofote directamente para a minha cara, a ver se acordo, se me trago um pouco mais de vida cá para dentro. Que os pássaros andam às voltas no céu, compreendem a minha confusão. Para onde foi o sol, que trazia esperança aos planos, apesar da frescura do Inverno nas bochechas? Para onde foi a esperança, na verdade, que é ela que se esconde atrás das nuvens? O descontrolo regressa, nas lágrimas que não querem por meio nenhum passar silenciosas. Ainda assim esforço-me para que as suas vozes não sejam ouvidas. Mas preciso tanto de chorar... Não há privacidade nesta casa sem portas, onde se entra e manda e desmanda e arruma o que é dos outros sem pedir. Inclusivé os sentimentos e as vontades e os valores. Arruma-se segundo os códigos de outro, e não do dono. Por isso nem para as lágrimas há espaço, não vão elas ser arrumadas na gaveta nº 2 dos Sentime
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