matriosca. sou.

É tudo o que sou, e tudo o que me sinto hoje. Uma boneca Matriosca. Peço que se dispam de vós próprios e parem um pouco para me seguir, hoje.

Sou uma boneca matriosca. Comecei por ser a mais pequenina. Sou, afinal, um conjunto de caixinhas coleccionadas, começando pela mais modesta e terminando na maior de todas.
Menina pequenina que um dia passou a caber numa outra, ligeiramente maior do que a primeira. Mas ainda assim pequenina...
Vão-se coleccionando pormenores, emoções, pequenas experiências. E dor, também. Que diz que é isso que faz crescer. E portanto depois sou uma bonequinha duas vezes maior do que a primeira. Mas dentro de mim cabem as outras duas. Porque são também elas, aquilo que eu sou. Parte de mim, inseparável e inqualificável. Sou eu, mas... um pouco mais pequena. Confuso, isto?

Bom, basicamente o importante a entender sobre mim é que comecei pequenina, e fui crescendo devagarinho. Depois consegui caber numa menina igual a mim, mas ligeiramente maior. Levei comigo a menina que estava para trás, no entanto... algumas partes de mim notavam-se melhor, outras estavam mais escondidas. Dia após dia fui aumentando, e acumulando as "meninas" do passado, cada vez menos dignas do nome "meninas", e mais do nome mulher.

Encontro-me hoje uma verdadeira caixinha de viagens, delícia dos coleccionadores - caixinha de surpresas, que esconde dentro de si mil outras caixas de vários tamanhos, cada uma com os seus segredos, próprios de cada momento que vivi. Não faz sentido rever todos os objectos dentro de cada caixa, mas todos eles são sem dúvida meus. São "eu", a minha essência em certa altura. E vão-se acumulando sem que possa evitá-lo, até se tornarem na grande Matriosca...

Não me perguntem se já cheguei à última... não faço a mínima ideia...


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