The dresser... (o camareiro companheiro)


"vives muito as coisas. sofres demais..."

sim, acho que não desisti de me comover. acho que mesmo que quisesse, faz parte de mim comover-me. encontrar nas palavras dos outros pontinhas afiadas que rebentam em mim saquinhos de lágrimas.


voltei ao teatro para disso me encher, me renovar. para poder chorar sem o esconder. subi lá para cima do palco, assim que as cortinas se abriram. estive sentada com o Virgílio e o Ruy, e ouvi-os bem de perto. tentei não os interromper, só respondi quando me interpelaram. vi-os dar voltas e voltas a angústias que tinham no seu peito, e que os devoravam. contive as lágrimas quando queria dar-lhes força. mas assim que se entretinham discutindo, abria as portas do coração e chorava sem vergonha. tinha saudades de poder abrir-me assim, com velhos amigos. vivi os dramas deles em mim, numa ilha aparte de tudo. quando chegaram as palmas, saltei para o público de novo, e deixei que se demorassem as lágrimas nas bochechas, enquanto batia palmas sem parar.


obrigada senhores. por esta tarde maravilhosa, viagem fora de mim, patrocinada pelo vosso talento. vivem na minha memória, na memória do público, que é onde vivem os grandes actores*

Comentários

o lavagante disse…
lindo o texto. e linda deve ser a peça! Mas tb veja-se quem são eles..

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