O abraço do teu olhar

A alma arregaçada, sorridente à janela. A noite está boa, ladra o cão, e a lua recortada ilumina só um triângulo de céu, deixando a cortina das estrelas entreaberta. Convida a pensar.

Talvez haja uma razão para tudo, mas nem tudo tem uma razão. Porque podemos tentar encontrar explicações para o amor, mas porque é que ele acontece não sabemos realmente.

E é numa noite destas, morna de Outono, que numa pequena canção dos teus olhos encontro o amor inexplicável, incontrolável, de aparição inesperada e fatal.

Na luz do teu olhar. Porque adormeci no sofá, enroscada no teu calor, perdida para outros céus, tal é a paz do teu peito. E quando abro os olhos deparo-me com uma ternura ofuscante a ser emanada dos teus olhos, que me envolvem como os braços. Sinto um calor inexplicável, e é inconfundível o amor dos teus olhos, vidrados como se vissem a coisa mais linda do mundo à frente deles. Foram só alguns segundos, mas duraram para sempre. Parecia um abraço sem fim, uma gargalhada marcada na pele, a impressão dos teus braços em mim. Tantas palavras, e sei que não consegui explicar minimamente a força desse olhar, tão perdido, tão ternurento e que gritava emoções na fúria do silêncio. Percebi que tinhas estado a olhar para mim durante o meu sono, a proteger-me e a acarinhar-me. Só com esse olhar que é um abraço.

(uma pequena coisa. sem dúvida um grande amor)