Não posso prometer-te o sempre...

Às vezes queria deixar-me arrebatar pela onda de infinito... queria esquecer que pode acabar, e viver nessa ilusão de sempre e tudo.

É por isso que de vez em quando me chamas à realidade, de abanão sufocante mas apenas com a força necessária para me acordar, e me dizes "não sei se vai ser assim".

Nesses momentos choro, desespero. Acordas-me de um sonho para o qual tento forçar-me a voltar, logo a seguir. Mas percebo que me passou o sono...

Numa conversa dura, dizemos tudo o que se acumulou. Choramos à vez ou ao mesmo tempo, magoamo-nos. Nunca chegamos ao ponto dos insultos - nunca foi necessário nem natural entre nós. A verdade crua dos pensamentos chega para nos ferir.

Tu queres ser livre, eu quero estar colada a ti. E assim ficamos longos momentos, a pensar para nós que aquilo não vai dar certo, que se contam os minutos para que um dos dos baixe os braços e desista.

É então que nos olhamos nos olhos. E não sei se sentes como eu, mas acho que sim, quando vejo uma beleza tão intensa por detrás dessas lágrimas, e sinto o aperto no peito a aumentar. Olho para ti e relembro tudo o que me levou a apaixonar-me por ti - está ali, à minha frente!

A imagem das tuas lágrimas por mim devora-me num só fôlego... não suporto, não quero!

Percebo que, mais do que não te querer perder, quero ver-te feliz.

E sinto que também não podes ver-me chorar por ti, oiço-te dizer que me amas...

Depois das ondas fortes, uma onda leve vem rasgar-me do fundo e leva-me até à margem, flutuando.

Percebes ao olhar para mim, que não me imaginas apenas tua amiga. Porque somos mais do que isso. E nos pequenos cantos a que chamamos nossos, construimos ninhos de amor e sorrisos, que sem um de nós já não seriam sorrisos. Entendes? Quando estamos juntos, tudo é tão mais fácil e alegre!

Um abraço bem forte, e um sorriso. Percebes que tens de ter o teu espaço, e eu também. Mas percebemos antes que o espaço preenchido um com o outro também nos faz falta. E ficamos em paz...

Sou melhor porque te amo...

"Não posso prometer-te o sempre. Deixas-me prometer-te o amanhã?" (in http://papel-de-seda.blogspot.com/ )