Linhas por escrever... eternamente

Não ter de o dizer, basta sentir... eu sei. Mas escrevo-te algumas linhas deste lado, à espera de nunca desistir. Não encontro o fim às páginas que ainda me apetece escrever.
Há palavras à espera de serem sacudidas do seu lugar empoeirado, e eu não vou impedi-las de se soltarem: precisas de ouvir. Ou então apenas eu preciso de dizer...


Nunca soubeste o que era pagar pelos actos. Viste muitos actos teus por vingar, gestos que não viram a ponta do chicote, apesar de serem condenáveis.
A justiça divina nada faz?? E vêm dizer-me que existe e é fatal?
Acreditei que a vida se encarregaria de te castigar... porque a nós não nos cabe julgar, castigar, decidir sobre os outros.
E carregamos a nossa dor como um fardo que não é nosso, mas no entanto guardamo-lo para nós - ao ponto de quase enlouquecer. E para quê?!

"A justiça é cega..." cada vez mais me custa resistir a esta ideia...

Mas olha, não escondo nada por ti... escondo pelos outros, que sofreriam tanto ou mais do que eu, se imaginassem o que me fizeste passar. Porque me amam como tu nunca amaste nada nem ninguém, senão a ti mesmo!

E é agora, enquanto aprendo a ajudar outros como eu, que sofro às tuas mãos, já invisíveis, mas que continuam a apertar-me o pescoço a cada palavra familiar, a cada pedacinho de qualquer coisa que me faça voltar atrás no tempo...
As mãos cansadas de esconder lágrimas... e um rosto de mulher que nunca deixa de ser de menina, porque não consegue andar para a frente...

Sabes qual é o único conforto, a única subtil vingança do destino...?
É que tu desapareces... e nunca mais serás recordado... pelo menos não com saudade...

Comentários

polegar disse…
compreendo-te. chego à conclusão que por vezes o nosso corpo tem estranhas maneiras de nos defender. o meu apaga quase tudo. memória selectiva. apenas tenho pequenos flashes esporádicos e espaçados que me permitem saber quem sou, porque sou, o que quero. e não esqueço só o que não devia existir. apago tudo, a eito, sem querer. e dói.
doem as palavras "não te lembras"? às vezes não consigo.
e cheiros, locais, objectos, momentos, vêm ter comigo quais peças de puzzle desordenadas e enevoadas e não sei onde colocá-las. o meu corpo protegeu-me. mas por vezes não sei o que fazer com o que sobrou.

agora a ti, pequenina, cuidado. que os ódios e marcas que carregamos definem-nos mas nem sempre nos permitem ajudar quanto queremos. há muitas formas de ajudar e sabes que, se não estivermos bem, não ajudamos como deve ser. se calhar não são os como tu que deves ajudar. por ti, pelos outros.

beijo no coração.

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