Dúvida...
Duvido...
... duvido que alguma vez venha a deixar de gostar deste cheiro a teatro. Da mistura de perfumes das velhas, do odor pesado das cortinas, do cheiro a pó de arroz que se adivinha no rosto dos artistas. E a hora chega, o som imitado das pancadas de Mollier a fazer os corações baterem mais depressa, a procura de um lugar para ficar, onde assistir à farsa.
E seguimos cada movimento com sede, com um sorriso balançado para a frente. E sentimos cada sentimento como se de nosso se tratasse.
Direitos na cadeira, como se fosse um ambiente contagiante, um espírito que ninguém partilha falando, mas que todos partilham agindo. (Quase todos...)
De vez em quando, as tosses dos mais velhos... típico, numa peça de Eunice Muñoz. E ainda assim, sentiria a falta se assim não fosse...
Percebemos sempre como tínhamos saudades de sonhar, de nos deixarmos embalar por grandes actores.
A voz penetrante de Diogo Infante, os sarcasmos talentosos de Eunice Muñoz... com toda a certeza, uma peça que vale a pena. Duas interpretações que nos agarram do princípio ao fim! Porque semeia em nós a dúvida, de uma forma penetrante e profunda, sem que nos apercebamos...
Comentários
e sim, fica-se pendente, suspenso, num outro tempo que não é este. criado à parte todas as noites para todos nós :)