Com os pés descalços e uma enorme vontade de dançar

os pés descalços, um sorriso húmido de prazer.
encontrei-te perdido na praia, trouxe-te comigo para casa. não resisti ao jeito mágico com que te mexes, ao brilho desvairado do teu olhar.
mãos quentes, toque de pêssego na pele.
sorrio ao ver-te passar... sei que me vais convidar para dançar. e desta vez, eu vou aceitar. que saudades que tenho de dançar...
pestanejo, as ondas a baterem no meu pensar.
encontro-te e é como se nunca tivesse deixado de te ver. dois desconhecidos que se conhecem desde sempre. ouvir a tua voz pela primeira vez não foi novidade para mim, como se já a tivesse gravada no coração, à espera de ser relembrada com saudade.
a minha mão procura a tua, como se não fosse natural existir sem ti.
um calor doce, um arrepio dos antigos.
pegas-me ao colo e levas-me a voar. a areia foge-me dos pés, enquanto piso só céu e nuvens. depois poisas-me os pés nos teus, dançando comigo como se eu fosse uma criança pequena e leve. bailamos lentamente, depois depressa, ao ritmo que o corpo pede para transpirar.
um beijo abraçado, sabor a ternura na boca.
rodopio sem parar, numa gargalhada total. sinto a alma bêbeda de risos... somos dois tolos, com os pés descalços e uma enorme vontade de dançar!
(este título também é teu, mi)