Tempos de areia...


Olho à volta, no vazio preenchido que é a escuridão. Mal consigo ver as teclas em que toco, no entanto, a familiaridade delas e a necessidade de escrever aliam-se, permitindo-me construir palavras sem pensar. Incrível como o único sítio vazio da casa é também o único canto em que encontro alguma sensação amistosa de conforto...
As palavras desenrolam-se boca fora, ferindo os outros. De quem é a culpa? Trocam-se espinhos, sem rosas. A quem culpar? Revolvem-se momentos passados, fragilizam-se almas já fragilizadas. O que fazer?
Quem me dera saber a fórmula secreta para desaparecer... tornar-me invisível até que o mar acalme, como fazia em pequenina... quando uma simples boneca e o seu pente me permitiam viajar para longe de um assunto desconfortável. Quando era possível não voltar a pensar em nada que me fizesse chorar.
Quando passava horas a construir um castelo de areia, sentada na areia molhada da praia, e era capaz de me abstrair de todos os problemas do mundo. Quando não havia nada de mais importante para resolver do que o tamanho das torres, a distância do castelo às ondas...
Agora os momentos desenrolam-se como ondas, destruindo os castelos de areia de cada um, construídos meticulosamente junto à beira-mar. Não vale a pena correr a esconder-me no meu castelo, pois em breve a fúria inesperada do mar levar-me-á os sonhos com uma só palavra...

Comentários

Anónimo disse…
hummm... mais uma vez um texto marcante, uma coisa linda, uma menina preciosa...
Wicahpi disse…
:) deixas-me sem jeito, miga! bigada...
Anónimo disse…
continua a construir os teus castelos mas constroi-os mais fortes para que nada os destrua ;)

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