Agora que é noite...


Fecha os olhos, agora que já é noite. Porque não há raio de sol que possa incomodar o teu doce passeio espiritual... não há fiozinho de luz que possa penetrar nos teus olhos e interromper a tua meditação.
Aproveita agora que há sossego à tua volta, para poderes interiorizar esse silêncio, salpicar a tua alma com ele e dele fazer a tua oração, o teu grito.
Vira os teus sentidos para a Natureza... descalça-te, e caminha como se pisasses o coração da Terra.
Olha vezes infinitas para o horizonte, que infinitas vezes encontrarás algo de novo para amar...
Conta as estrelas, e não te canses nunca de contar a mesma outra vez... uma, duas, três vezes. Chama-as pelos seus nomes, e ouve-as responder com o palpitar do seu brilho... às vezes, o céu parece uma mesa comprida, à qual não vês o fim... está coberta com uma toalha de um azul profundo, e é iluminada apenas por pequenas velas!
Pensa no vento como alguém que abre os braços para te erguer lá no alto, e te segura, para te dar a sensação de que estás a voar pelas tuas próprias asas...
E a chuva? Já experimentaste andar à chuva, sem a preocupação de uma constipação, ou de um ralhete? No meio da rua, vemos a chuva cair por todo o lado... a frescura que nos invade, a sensação de que, mais do que um rosto sujo, ela lava a alma... podemos correr, correr muito... ao princípio queremos fugir... mas à medida que a água nos percorre, esquecemos o medo de molhar o chão de casa, ou ficarmos doentes, e começamos a sonhar. Parece que sentimos o percurso que essa água já fez... já imaginaste os sítios que a água da chuva já conheceu? Já deve ter viajado em glaciares, já pode ter navegado em alto mar, conhecido o interior da Terra, voado entre nuvens... é preciso ser livre como a chuva, para nos deixarmos levar sem medos por ela... e é essa liberdade que todos procuramos uma vida inteira sem encontrar, porque não sabemos que ela está a um passo de nós, na rua, num dia cinzento...
E é quando encontramos essa liberdade que deixamos de correr, e começamos a caminhar... não andamos, sentimos os passos... não respiramos, cheiramos cada pedaço de ar...
Estás triste? Abre os olhos... á tua volta, a Natureza vive, a Natureza pede para dançar com os teus sentidos!
Ela sorri-te em cada flor aberta, espreita-te por entre cada folha de uma árvore, segue-te em cada sopro de luar...
Agora que é noite, se precisas de chorar, chora intensamente, mas sente cada lágrima e os sentimentos que te levam a chorar. Para quê gastar preciosas gotas salgadas, se o teu coração não esconde tantos segredos como o mar? Se não queres que te vejam chorar, refugia-te longe da luz das estrelas, mas nunca longe da sua vista... serás sempre um barco, e só elas vão saber guiar-te quando estiveres perdido na profunda noite do mar.
E quando as lágrimas secarem, vais ouvir a tua alma suspirar de alívio. Então, ergue a tua cabeça, a tempo de veres o nascer do sol. Não deixes que nada nem ninguém te impeça de assistir ao milagre que nasce em cada dia... não deixes nunca de sonhar com um novo dia!

Comentários

Anónimo disse…
Fico muito contente por observares a Natureza dessa maneira, pois ela está em todo o lado e com muita magia, basta olharmos k ela está lá, nunca nos abandona... Espero k sejas livre como a chuva e como o vento, k sejas feliz como os passaros k andam a cantar pelas arvores. quando estiveres perdida olha para as estrelas e fala com elas... estao sempre lá para ti.
um grande abraço e muitos beijinhos

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