Boa noite, estrelas...


Ainda ontem me doía tanto... tudo. Criança agarrada a ela e a si mesma, entregue à responsabilidade única de sonhar. Tudo magoa, quando só nos pedem que sejamos felizes. Um pequeno favorzinho fora de contexto destrói o seu castelo à beira-mar, construído com orgulho próprio, muita areia e algum egoísmo inocente.
Agora... agora pareço uma sombra desmaquilhada de sabores e sentires, despenteada pelo vento errante que sopra e me arrasta para fora da minha rota... de mim mesma. Mas nem dou por isso...
As minhas lágrimas nunca foram tão salgadas; acho que são as minhas saudades da praia. Do céu estrelado, cheio de pontinhos de luz, cada um a prometer um sonho diferente aos nossos olhos. Daquela praia do paraíso, que descobri num cantinho muito especial da costa. Da hora de deitar do sol, que todos os dias me surpreendia com renovada beleza. Da areia, sempre pronta a acariciar-me a pele morna do sol. Da rocha, camarote privado e privilegiado para assistir à dança sensual das ondas, ao erguer e adormecer do sol e da lua, ao nascer das estrelas, à sua queda... E a lua?... cheia, crescente, minguante, nova, mas sempre bela, sempre a minha diva! Como moínho movido pelo vento, a vontade de regressar me move a viver mais um dia... Enquanto vou caminhando, apercebo-me de que o mundo está cheio mas eu não consigo vê-lo e não consigo (não resta sequer o querer) fazer parte dele...
Ensinaram-me a ler as estrelas, e só por elas me guio, quer em noites de solidão ou de partilha. Só a elas consigo ver e sentir. Para além dessas, as sensações que me restam são a de vazio e de solidão de espírito. Tenho medo de já nem sequer reconhecer o meu paraíso, quando e se lá retornar... estou cega.
O mundo está cheio de pessoas, e eu estou bêbeda de conviver com elas, de ter de lhes falar ou sequer de as olhar. Mais grave do que isso, estou farta das minhas pessoas. Mas a que mais me atormenta é a que me persegue, todos os dias... insiste em espreitar-me, sempre que passo perto do espelho.
Boa noite, estrelas...

Comentários

polegar disse…
menina... menina linda cheia de brilho e de sorriso já sem vergonhas. não tenhas medo de viver. quando te aperceberes que esse é o menor dos males, as dores tomarão a sua posição importante mas não castrante em ti. pausa. respira. pensa. contigo, em ti. aí dentro. leva-te onde as tuas estrelas te guiam. a vida não tem manual. e tudo o que nos parece verdade absoluta pode ser desconstruído - e não temos de ter vergonha de aprender, dizer que se errou, voltar atrás, ou simplesmente mudar. não tenhas medo de andar. de percorrer caminhos que não conheces. de correr sem destino, só pelo prazer de correr. porque se não avançares, não apanhas o embalo do vento quente nessas asas coloridas que tens, prontas a voar.

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