Dias (sem) algodão doce.
E agora? O coração pede para escrever.
Venho sentindo que preciso de mais. O mundo pula e avança,
como diz o outro, e eu sinto que não estou onde me sinto feliz. Vai daí, tento
pular de volta para o último sítio onde me senti inteira e desinteressadamente feliz.
Por sua vez, o mundo trata de me mostrar que não estou pronta para isso. “Ainda
não é o momento”, murmura, antes de voltar a posicionar-se subtilmente de
costas para mim. Como alguém que vai no lugar à nossa frente no metro, se
levanta e vira para nós, nos fala educadamente e volta a sentar-se, estão a
ver? Muito educado, o mundo. Mesmo quando está a dar-nos um pontapé no
traseiro.
Procuro fazer sentido de todos estes acontecimentos, que a
vocês poderão parecer coisa pouca, mas que para mim são imagens coladas numa
sucessão incansável através do ecrã do comboio.
Estico as mãos e os braços para agarrar qualquer coisa.
Procuro transmitir toda a minha energia através das pontas dos dedos. Ainda
assim não cheguei lá. “But you’re not
there yet”, diz a Luísa Sobral em tom de gracinha.
Tenho passado muito tempo à espera, embora não pareça. E
antes que se deleitem já nas críticas, não, não me limitei a esperar. Mas
talvez por falta de treino, as minhas tentativas de saltar do ninho correram
mal, foram fracas.
Mas deixem lá. As lágrimas secam, entesam a roupa e tornam-me mais dura. Amanhã vou ser mais difícil de abater. E vou percebendo, com o tempo, que não se trata de um lugar. Ou melhor, que esse lugar está dentro de mim.
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